domingo, 19 de outubro de 2008

Mulheres em luta por soberania alimentar e energética e contra a pobreza!

Relato das atividades:

Dia 15 de outubro

Seminário Uma Sociedade Sustentável, O que temos a ver com isto?
Soberania Alimentar e Energética Compreensão e Ação







A Marcha, em conjunto com o Sindicato Semapi, o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), a Via Campesina, a Associação dos Produtores Ecológicos de Ipê e a Cooperativa de Consumo Consciente GiraSol, organizaram Seminário onde foram debatidos questões teóricas acerca da Soberania Alimentar e Energética e foram apresentadas experiências referentes a temática.
O foco do debate foi o desequilíbrio ecológico causado pelo alto consumo de produtos e alimentos por uma minoria, enquanto a maioria está sem esse acesso. Além disso, já existe uma competição pelas terras agriculturáveis e por água, entre os cultivos de “energia” e os cultivos de alimentos.
O modelo atual de desenvolvimento volta-se, sobretudo a Agroenergia, como a grande opção da atualidade devido à necessidade e a urgência de se promover as energias “limpas”, principalmente porque o modelo atual de consumo e produção do Hemisfério Norte está comprometido devido à crise do petróleo. Diversas falsas soluções visam expandir ainda mais o Agronegócio, dessa vez transvestido de “Agroenergia” e que tem seu principal expoente a Produção de Agrocombustíveis.

Diante disso abordamos a necessidade de ser construído um novo modelo energético, que rompa com a petrodependência, que produza energia local e descentralizada, que permita a participação da sociedade civil na construção das políticas públicas energéticas e que contribua para a autonomia das mulheres. Além da necessidade de reivindicarmos o investimento público em experiências descentralizadas de produção alternativa de energia, na socialização do trabalho doméstico e no fortalecimento da agricultura camponesa.Houve também debate sobre o consumo e as formas trabalho em rede por produtores agroecológicos e consumidores, permitindo assim maior autonomia para os produtores e maior consciência ecológica para os consumidores.
A Via Campesina chamou atenção para três tipos de crises que estão afetando o mundo atualmente: a crise da alimentação, a crise energética e a crise ambiental.
No painel “Sementes Crioulas e a Preservação da biodiversidade” um produtor Agroecológico deu uma “aula de vida” ao contar sobre o desenvolvimento deste “novo” modo de produção, que preserva o meio ambiente e produz alimentos saudáveis. Ele dedica sua vida a produção agroecológica e quase tudo o que a família consome vem da sua produção - “menos o sal” – brincou ele.


“Muitos diziam que este sistema de agricultura era do passado, mas na nossa propriedade temos uma bicharada e vários tipos de alimentos. A agricultura moderna se desfaz daquilo que é fundamental”, afirmou o produtor agroecológico.
Ao final houve degustação dos produtos produzidos pelos agricultores agroecológicos.

Dia 16 de outubro

Ação Direta no Wall-Mart

No início da manhã, organizações do campo e da cidade (Via Campesina, MMM, CUT entre outros movimentos), realizaram ação direta pelo Dia Mundial da Alimentação, por Soberania Alimentar. Esta ocorreu em frente ao Supermercado Nacional, que é do grupo americano Wall-Mart. Na ação denunciamos a alta de preços dos alimentos, concentração de renda e comida na mão de poucos, a expansão das monoculturas e nos posicionamos contra o agronegócio.
Éramos cerca de 300 homens e mulheres, que de forma pacífica assistiam uma esquete teatral organizada para o ação direta, mas que já estavam cercados por forte aparato policial.

Após o ato saímos em marcha pelas ruas de Porto Alegre em direção ao Seminário A CRISE DOS ALIMENTOS - Por que e pra quem?

Seminário A CRISE DOS ALIMENTOS - Por que e pra quem?

A Coordenação dos Movimentos Sociais, reunindo cerca de 1200 pessoas, realizou com imenso sucesso o seminário que debateu o tema da crise dos alimentos e a violência aos movimentos sociais. Dentre várias das falas é importante destaca a de Eliane, companheira do MTD. Ela representou as mulheres e falou das ações do “8 de março” que temos realizado desde 2006, denunciando o impacto direto na vida das mulheres que as monoculturas e o deserto verde tem trazido. Além disso, ela apresentou o dossiê produzido pelo Ministério Público Estadual, que investigou nossas agendas de ação durante todo o mês de março de 2008. Selamos nosso compromisso em iniciarmos imediatamente as discussões para a organização do 8 de março de 2009 e 2010, pois temos que pensar e planejar a médio e longo prazo nossas estratégias de ação.
O seminário foi encerrado com uma comovente mística, na qual todas e todos presentes dividiram/compartilharam todos os alimentos ornamentavam o salão do Seminário.

Após o seminário nos dirigimos para a concentração da 13ª Marcha dos Sem, no Parque da Redenção.


TERRA, ÁGUA, SEMENTE E ALIMENTO
ESSA TAMBÉM É A LUTA DO NOSSO MOVIMENTO!




13ª Marcha dos Sem do Rio Grande do Sul



Eram 14:30 quando vários Movimentos Sociais e sindicatos saíram em marcha rumo ao centro administrativo gaúcho. Lá estariam nos aguardando cerca de 2 mil trabalhadoras e trabalhadores do serviço público estadual - professores estaduais, Sindiágua, bancários em greve (que haviam nesse mesmo dia sido violentamente reprimidos pela Brigada Militar) - após terem protestado no coração da Administração Pública por salário, trabalho e contra todas as formas de violência aos trabalhadores.
Estavam ali também os professores das escolas do MST que estavam fazendo um jejum em greve de fome há 62 horas. Tal manifestação foi motivada pelo não pagamento dos salários há 11 meses e a declarada intenção da governadora Yeda Crusius de fechar as escolas nos assentamentos e acampamentos do MST. Houve a promessa por parte do governo do pagamento de seis meses dos salários em atraso, mas, ainda estes permanecem pendentes o pagamento dos cinco meses restantes. A CPT no Rio Grande do Sul fez uma visita aos grevistas e percebeu que nem água eles poderiam beber, pois lhes eram vedados os banheiros dos prédios públicos no entorno do local da greve, além de serem constantemente vigiados pela tropa policial do governo Yeda.
Todos juntos, metalúrgicos, MPA, MAB, MST, MMM, MMC, servidores, MTD, Centrais Sindicais, Pastorais, estudantes, enfim, cerca de 10 mil pessoas, homens e mulheres, seguiram em caminhada até o Palácio Piratini, sede do governo estadual, na 13ª Marcha dos Sem.
Fomos desde o início vigiadas, seguidas, escoltadas por mais de 200 policiais militares.
Quando chegamos, próximo ao Palácio Piratini, a Polícia Militar do governo Yeda, com todo seu aparato de armamento pesado, cachorros, cavalos, pelotão de choque com centenas de soldados (segundo informações haviam 2500 policiais mobilizados), repeliu violentamente a manifestação impedindo a chegada até o palácio. A manifestação se fazia pacífica, mas para amedrontar foram jogadas bombas de efeito moral e tiros de balas de borracha, que feriram 17 manifestantes, alguns com ferimentos graves.
Tivemos que acionar os deputados (as) para que intercedessem pelos movimentos que estavam sendo intimidados violentamente e tínhamos medo de que tragédia maior acontecesse.
Após negociações com deputados e com o comando da PM gaúcha, foi liberada a passagem para a Marcha chegar até frente do palácio, onde foi encerrado o Ato ao som do Hino Riograndense.

Cabe destacarmos frase dita por um professor após a violência da brigada militar : “A única coisa moral do governo Yeda, são estas bombas de efeito moral”.

E também a declaração de Rejane Oliveira, presidente do CPERS Sindicato : “Este governo não consegue calar a boca dos que denunciam sua truculência, o mar de corrupção que o inunda, o desrespeito com que trata o funcionalismo e o equívoco de todas as suas políticas. Não conseguindo silenciar o povo, apela para a violência como assistimos hoje à tarde aqui nesta praça”.
O Rio Grande do Sul vive um Estado de Exceção. Toda e qualquer manifestação social é reprimida com violência pela Polícia Militar sob ordens da Governadora Yeda Crusius e do Coronel Mendes. São freqüentes os episódios de trabalhadores e trabalhadoras algemados, feridos com balas de borracha e atingidos por bombas de gás lacrimogêneo e pimenta. Professores, metalúrgicos, sem terras, mulheres, desempregados... a violência do Estado contra os pobres é cotidiana nas abordagens da polícia para os trabalhadores, sejam nos bairros, sejam nos movimentos sociais.

Seguiremos lutando,

As mulheres não irão recuar.
Temos que planejar as próximas ações e denunciar esta repressão.
Estamos conversando com outros movimentos de mulheres e estudando a possibilidade de fazermos alguma ação judicial contra a violência do Estado aos movimentos pacíficos e organizados.

A NOSSA LUTA É TODO O DIA.
SOMOS MULHERES E NÃO MERCADORIA!

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