domingo, 25 de abril de 2010

Marcha Mundial das Mulheres e a Luta contra as Mudanças Climáticas

A Marcha Mundial das Mulheres esteve presente à Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas em Cochabamba na Bolívia.
Durante essa ocasião realizamos uma atividade de debate em parceria com a REMTE (Rede de Mulheres Transformando a Economia) intitulada: Economia para a vida, justiça para as mulheres e para a Pachamama, onde foram discutidos os impactos das mudanças climáticas na vida das mulheres.
Outro momento importante foi o dia 19 de abril quando nos reunimos com outros movimentos de todo o mundo na Assembléia dos Movimentos Sociais.

Leia mais a baixo:
A crise climática afeta mais às mulheres
Durante as catástrofes naturais cada vez mais freqüentes como: secas, terremotos e inundações, as mulheres são as mais afetadas pela crise climática, tendo que sustentar os lares em suas tarefas de cuidado: alimentando, buscando água, produzindo, reproduzindo a vida, tarefas essas que têm que ser cumpridas em condições muito mais difíceis e severas.
“As mudanças climáticas afetam de maneira direta as condições de vida e de trabalho das mulheres, particularmente por sua proximidade aos elementos de vida, como a agricultura, seu contato com a água e para poder cumprir com o ciclo de cuidado da vida que lhe foi transferido como responsabilidade prioritária”, disse Magdalena León, Coordenadora da REMTE Rede Mulheres Transformando a Economia do Equador, ao concluir o painel “Economia para a Vida” realizado no contexto da Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra, em Cochabamba.
“Nosso papel na alimentação é fundamental, é um dos âmbitos mais afetados; e em todo o ciclo do plantio e de colheita, de processamento de alimentos e no espaço urbano na provisão de alimentos do dia a dia, são geradas situações de escassez e carência, tudo isso torna mais complexa a situação de trabalho das mulheres”, afirmou León.
Frente a essa realidade, o desafio mais importante é sustentar as reivindicações por justiça climática, ecológica a nível internacional; os responsáveis têm que assumir os danos causados mudando suas próprias modalidades de produção industrial poluentes, seus níveis e tipos de consumo contaminantes e depredadores que estão causando este impacto. “É preciso que haja um fluxo de recursos de compensação ainda que tardio e parcial, para reparar e restaurar o dano ocasionado e gerar condições para que possamos impulsionar projetos próprios de bem viver”, enfatizou a Coordenadora da REMTE- Equador.
A historia do protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro de 1995 e foi ratificado por 190 países, com exceção dos Estados Unidos e China - as potências mais contaminadoras - voltou a repetir-se na cúpula climática de Copenhague em dezembro de 2009, que acabou fracassando.
Frente a esse panorama, Magdalena León, considera que estamos em um momento onde o poder geopolítico dos países desenvolvidos é visto como fragilizado pela própria magnitude da crise planetária e pelos níveis de catástrofes que vão gerando consciência na humanidade.
A Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e Direitos da Mãe Terra tem como horizonte gerar poder geopolítico para os povos frente ao poder das potências. “A convocatória que fez o presidente Evo Morales é uma convocatória aos povos, é atuar como povos, fazer justiça como povos frente a instituições (países desenvolvidos) que estão corrompidas e incapazes de encontrar soluções para o mundo, frente a uma potência que depreda a vida. Agora a voz dos povos tem que alcançar o nível de tomada de decisões, o que até agora não foi conseguido”, finalizou León.

Reconhecer o trabalho das mulheres produtoras e reprodutoras.

“A construção de um novo modelo de desenvolvimento social que combata o capitalismo, deverá reconhecer as mulheres como produtoras, seu trabalho reprodutivo e o reconhecimento de sua liderança social, sem discriminação, para a condução da sociedade”, expressou Rosa Guillen, coordenadora da REMTE do Peru e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Guillen afirmou que: “temos que entender que o capitalismo afetou mais às mulheres porque negou o trabalho cotidiano de cuidar da vida, de cuidar da saúde e das famílias, de cuidar da alimentação, além disso, tornou invisível este trabalho e quer controlar o trabalho em favor da geração de riquezas.”
O modelo capitalista gera desigualdade das mulheres frente aos homens no trabalho, “às mulheres são dados salários baixos, não se valoriza o trabalho e a contribuição das mulheres”, disse.
Um dos grandes desafios da luta das mulheres é conseguir que a sociedade reconheça que as mulheres têm aportes nas lutas comuns, e ter sua liderança respeitada. “Juntos homens e mulheres devemos construir uma transformação que gere igualdade, possibilidades de desenvolvimento sustentável, o Bem Viver para homens e mulheres como família e como sociedade.”

As mulheres indígenas monolíngües são as mais vulneráveis do planeta

A vulnerabilidade afeta de maneira diferente às mulheres e aos homens nos riscos de desastres naturais, pelas desigualdades existentes na educação, falta de informação, alimentação, manifestou Rosa Ribeiro da Marcha Mundial das Mulheres do Peru.
“Enquanto os homens podem chegar a ter nível médio, as mulheres são analfabetas, enquanto eles têm acesso à informação, elas têm menos; enquanto os homens se alimentam melhor, as mulheres sempre ficam com o resto na panela, e sobretudo em tempos de seca, quando há muito pouca comida as mulheres comem muito pouco”, indicou Ribeiro.
Para que uma população seja afetada por um evento “hidro climático”, essa população precisa estar em um nível de vulnerabilidade, sem poder responder nem recuperar-se frente a esse evento. Por exemplo, viver junto a um rio, a torna vulnerável à inundações.
As mulheres mais vulneráveis são as indígenas monolíngües e ao não ter nenhum nível de participação em suas organizações mistas e nos espaços de desenvolvimento local, isso as expõe aos riscos de desastres. “Quando vem uma epidemia, essa enfermidade afeta as mulheres, aos meninos e meninas, essa é a nossa vulnerabilidade”, enfatizou.
Ribeiro argumentou que quando ocorrem os desastres os que migram primeiro são os homens e as mulheres ficam no controle das atividades produtivas e do cuidado dos filhos e filhas. Assim mesmo não contam com um registro que demonstre que são donas de suas moradias, o que é difícil para as mulheres comprovarem. Ainda mais quando elas não têm documento de identidade e não falam castelhano, diante dessas adversidades não podem reconstruir suas casas.
O evento mais catastrófico para as mulheres é a seca, pois não deixa “nada’, as obrigando a estratégias como o tráfico e a prostituição para conseguirem alguma renda e o alimento diário.
De forma geral, segundo Ribeiro, a sociedade torna invisível esses problemas pro sua complexidade. Um desafio das mulheres é fazer respeitar os direitos da Mãe Terra dando visibilidade aos problemas que afetam a vida das mulheres, assim se dará um passo importante para o BEM VIVER.
Harold Santos/REMTE /Minga informativa dos movimentos sociais


Carta da Assembléia dos Movimentos Sociais

Os movimentos, redes e organizações sociais reunidos na Assembléia dos Movimentos Sociais realizada em Cochabamba, no marco da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática, saudamos a iniciativa do companheiro Presidente Evo Morales Ayma e respondemos à convocação global para enfrentar a mercantilização e a privatização dos bens comuns e do próprio debate sobre as mudanças climáticas.Avaliamos que a questão da mudança climática é importante ao lado de outras manifestações da crise sistêmica global. Para realmente confrontar a ofensiva imperialista devemos frear a militarização de nossos territórios e a criminalização dos movimentos sociais, toda a agenda neocolonial contida nos Tratados de Livre Comércio, o poder das transnacionais e, especialmente, o modelo extrativista e o agronegócio que promovem a privatização da vida e da natureza.

As resistências estão sendo construídas desde a inter-relação de diversas perspectivas anticapitalistas, antipatriarcais, anticoloniais e anti-racistas, que afirmam que os povos não pagarão por esta crise sistêmica, ao mesmo tempo que avançam nas alternativas que buscam outro paradigma centrado na igualdade, no bem viver e na soberania dos povos.
Este processo de articulação em permanente construção tem caráter dinâmico, amplo, popular e descentralizado, e procura uma maior convergência entre os movimentos sociais para fortalecer as mobilizações populares. A partir da Assembléia dos Movimentos Sociais nos comprometemos a ampliar esta articulação fortalecendo os processos na Ásia, a África, América do Norte e a Europa.Reafirmamos que um dos desafios principais é fortalecer nossa plataforma de lutas e alternativas comuns em um processo que se reforça nas regiões e que procura repercutir em nível global.

Este processo da Assembléia dos Movimentos Sociais interage em uma agenda que se compõe de muitos momentos chave, entre os quais a Cúpula dos Povos Enlaçando Alternativas IV em Madri ( 14 a 18 de maio), o Fórum Social dos Estados Unidos, o Fórum Mesoamericano contra os Agronegócios em El Salvador ( 3 a 5 de junho), o IV Fórum Social Américas em Assunção ( 11 a 15 de agosto), o dia 21 de setembro - dia mundial contra os monocultivos - e o Dia de Ação Global contra a Monsanto (16 de outubro), o IV Fórum Social Mundial das Migrações no Equador (outubro), o ato da terceira Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres na República Democrática do Congo ( 14 a 17 de outubro) e o processo de mobilização para Cancún onde se realizará a COP 16. Neste processo, avaliamos realizar também no mês de outubro uma semana de ação direta global pela justiça climática, unificando lutas, a exemplo do que vêm fazendo os movimentos que resistem à privatização e à mercantilização da água no “Outubro Azul”.

Continuaremos apostando na Assembléia dos Movimentos Sociais como um espaço dinâmico e articulador de nossos processos e ações e mais uma ferramenta para coordenar nossas lutas.
Esperamos que os resultados desta conferência em Cochabamba fortaleçam a mobilização e a resistência, principalmente com o Plebiscito Mundial sobre a Mudança Climática - que devemos promover, impulsionar, debater e articular em nossos movimentos - como parte importante do processo de conscientização para Cancún, assim como com o Tribunal dos Povos sobre Dívida Ecológica e Justiça Climática.Convocamos os movimentos sociais do continente e do mundo a impulsionar uma ampla mobilização unitária e popular para exigir transformações, denunciando os responsáveis pelas falsas soluções à crise sistêmica - incluindo a crise climática.

Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas
Cochabamba - 21 de Abril de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

Agricultura familiar sustenta 30 milhões de pessoas

A agricultura familiar é responsável pelo sustento dos 30 milhões de brasileiros que vivem em ocupações rurais. No entanto, há, entre eles, um baixo nível de educação e a remuneração média é menor do que o salário mínimo. Boa parte (75%) do contingente de trabalhadores não remunerados é composta por mulheres.

A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que tem por base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem (1º), no capítulo sobre o setor rural. A publicação é uma descrição da situação rural do país, que deverá ser utilizada para a formatação de políticas públicas no Brasil.

De acordo com a pesquisa, 43% da população rural não é remunerada. “A população rural é estimada em 30 milhões de habitantes. Isso corresponde a pouco mais de 16% da população brasileira. É maior do que a população de muitos países do mundo, mas que, por uma falha histórica do Estado, acaba ficando sem qualquer tipo de vínculo trabalhista, direitos e garantias sociais ou qualquer acesso a bens e serviços”, explica a coordenadora de área de Desenvolvimento Rural do Ipea, Brancolina Ferreira.

A baixa qualidade da educação prejudica sensivelmente a qualidade de vida da população rural e o desempenho da agricultura familiar como um todo, “tanto em termos de produção, acesso e uso de novas tecnologias, como por não dar a eles conhecimentos sobre como reivindicar o que precisam”, avalia a pesquisadora.

As mulheres, segundo a pesquisadora, constituem um grande contingente (75%) dos trabalhadores não remunerados que fazem parte da população economicamente ativa. “São mais de 4 milhões de mulheres e pouco mais de 2 milhões de homens nessa situação”, informou Brancolina.

Segundo ela, a alta concentração de terras no Brasil é um dos causadores dos problemas vividos pela população rural. “Os dados deixam claro que a terra continua concentrada nas mãos de poucos, e que as formas de acesso a ela são ainda provisórias e precárias”, disse a pesquisadora.

Pedro Peduzzi da Agência Brasil – EBC

Fonte: Estação Vida / Agroambiente.

http://centrodeestudosambientais.wordpress.com/


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pedofilia é crime. Homofobia também

Sociedade civil em vários países se organizam para protestar, neste sábado 24 de abril, contra ações de religiosos que abusam de crianças e adolescentes e contra suas instituições que escondem isso. E contra todos que querem passar a responsabilidade adiante, inclusive se utilizando de discursos homofóbicos e lesbofóficos

pedofilia-crime

¡La Pedofilia es un crimen, La Homosexualidad No!
¡Encubrir un Delito, también es Delito!

Acción Mundial de Protesta contra el Abuso Sexual Infantil frente a todas las embajadas del Vaticano en el mundo, Nunciaturas Apostólicas o Iglesias Católicas.

Plantón Ciudadano en Perú

Lugar: Nunciatura Apostólica del Perú
Esquina Av. Salaverry y Jr. Nazca s/n.,
Jesus María, Lima.
Fecha: Sábado, 24 de abril del 2010
Hora: 11:00 a.m.

El 13 de abril, el número dos en la jerarquía del Vaticano, el Secretario de Estado, cardenal Tarcisio Bertone, afirmó que existe una relación entre la homosexualidad y la pedofilia. En todo el mundo, se ha rechazado esta declaración falsa, despreciable y anti-científica del Vaticano, que está tratando de desviar la atención de delitos sexuales de los sacerdotes al culpar a las personas LGBT.

Mientras que están tratando de ocultar la verdad sobre los abusos sexuales cometidos contra las niñas y los niños, haciendo paralelismos absurdos entre homosexualidad y pedofilia; organizaciones de derechos humanos, agrupaciones de lesbianas, travestis, transgéneros, transexuales, gays y bisexuales, organizaciones de mujeres, organizaciones juveniles y grupos universitarios han lanzado un llamamiento a todos los ciudadanos y ciudadanas y asociaciones a unirse a una protesta mundial contra la violencia y abuso sexual de menores y apoyo a las víctimas, frente a las embajadas del Vaticano o de las principales iglesias católicas. El Perú se une a esta protesta mundial en un Plantón Ciudadano en la Nunciatura Apostólica del Peru, el sábado 24 de abril del 2010 a las 11 de la mañana.

Intentar transformar la cuestión de la pedofilia en una cuestión de la orientación sexual de las personas -como hizo el Cardenal Tarcisio Bertone- les sirve para no enfrentar las graves denuncias procedentes de todo el mundo.

pedofilia-esconderEl punto no es la orientación sexual de los pedófilos, sino la necesidad de perseguir con firmeza a los responsables de tales abusos, especialmente si tienen una función educativa o espiritual. Estos crímenes no deben quedar impunes, según la legislación en el país.

La Iglesia Católica Romana debe responder a los tribunales y la opinión pública por el encubrimiento de graves hechos que ocurrieron en todo el mundo. Este es nuestro llamado, a todas las mujeres y los hombres de buena voluntad, de cualquier religión que no puede guardar silencio frente a la violencia y abusos sexuales contra las niñas y los niños.

¡Actuemos ya!

fonte: universidade livre feminista

terça-feira, 20 de abril de 2010

Feminismo: pluralismo, diferenças e concepções. Entrevista especial com Helena Hirata

Em seu mais recente livro Dicionário Crítico do Feminismo (São Paulo: UNESP, 2010), Helena Hirata busca dissecar termos relacionados ao mundo das mulheres e, assim, mostrar os significados de questões como opressão, dominação masculina, aborto e contracepção, assédio sexual, prostituição, maternidade e movimentos feministas. “A relação entre homens e mulheres oculta uma questão importante que é a hierarquia social. Se considera que os homens são superiores às mulheres e, portanto, daí decorre toda uma série de diferenças entre eles. É essa hierarquia que tem que ser questionada”, explica a autora durante a entrevista que concedeu à IHU On-Line por telefone.

Hirata também analisou questões como o
pensamento crítico feminista, as diferenças entre as mulheres de diferentes profissões e a divisão sexual do trabalho. Quando analisa a participação das mulheres no grupo conhecido como Geração Y, formada por jovens bem informados, questionadores e com sede de subir na carreira, ela diz que “certamente existem mulheres dentro deste grupo, mas aparentemente todos os estudos sobre hackers e sobre os que têm uma atividade muito intensa em termos de uso da Internet considera que esta área é majoritariamente ocupada por homens”.

Helena Hirata é professora na Universidade Estadual de Campinas, onde pesquisa Sociologia do Trabalho e do Gênero.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Seu mais recente livro chama-se Dicionário Crítico do Feminismo...

Helena Hirata – Na realidade, nós queríamos que muitas pessoas que não são especialistas na
questão de gênero, do feminismo, da diferença entre os homens e as mulheres, da questão da opressão, da dominação masculina etc. pudessem ter acesso de maneira simples, clara, a toda uma série de definições sobre termos do mundo das mulheres. Nesse sentido, há um verbete no livro sobre aborto e contracepção, assédio sexual, prostituição, maternidade, movimentos feministas. Então, há uma série de verbetes que apresento, em cinco páginas, com quatro ou cinco bibliografias básicas. Cada verbete é dividido em quatro partes: uma é a definição do termo – que vai desde termos relacionados ao feminismo até termos de sociologia e economia do trabalho –, depois apresento uma história desse termo, ainda o debate e controvérsias relacionadas ao tema, e o quarto aspecto é a atualidade social e científica deste assunto.

A questão do feminismo que esse livro toca mostra que é muito importante que todas as questões relacionadas às diferenças de sexo são políticas. São temas que têm conteúdo político, porque tudo o que é pessoal é político. E a relação entre homens e mulheres oculta uma questão importante que é a hierarquia social. Se considera que os homens são superiores às mulheres e, portanto, daí decorre toda uma série de diferenças entre eles. É essa hierarquia que tem que ser questionada e, assim, o Dicionário Crítico do Feminismo é um instrumento para apreciar o conteúdo e os limites dessa hierarquia para que possamos pensar numa nova divisão do trabalho.

IHU On-Line – Como você vê hoje o pensamento crítico feminista?

Helena Hirata – Eu acho que há muitos
feminismos, existem muitos movimentos feministas. O feminismo é um movimento plural, pois há pessoas ali dentro que são contra o aborto, há feministas que acreditam que a prostituição pode ser regulamentada, além de pessoas que são contra o véu islâmico. Na França, hoje, o movimento feminista mais dominante é o que chamamos de feminismo socialista que se preocupa com uma igualdade maior de salários, de condições de trabalho etc. No Brasil, o que tenho visto, por exemplo, também são reivindicações mais universalistas do que diferencialistas que considera que homens e mulheres agem de forma diferente e, portanto, merecem espaços distintos. As universalistas, por sua vez, acham que deve haver uma tônica maior na questão da igualdade.

IHU On-Line – No mundo do trabalho, a forma de enxergar a mulher cuja área em que atua é o chão de fábrica e a que trabalha na área administrativa é diferente?

Helena Hirata – Elas têm uma situação de trabalho e são vistas de maneira diferente. Ainda hoje as que trabalham no chão de fábrica têm sua profissão menos valorizada socialmente do que as profissões de ‘colarinho branco’, que trabalham em escritório, num ambiente de trabalho que é menos controlador. Ainda assim, há mais solidariedade e possibilidade de lutas entre as mulheres que estão organizadas no chão de fábrica, como operárias. Um exemplo disso foi esse segundo Congresso da Mulher metalúrgica que houve em São Bernardo, no sindicato dos metalúrgicos do ABC em março deste ano.

IHU On-Line – O que representa para a sociedade a participação feminina em lideranças de movimentos sociais e trabalhistas?

Helena Hirata – A
participação das mulheres na sociedade é algo muito importante para a riqueza do país porque, se elas não efetuassem gratuitamente certas tarefas, isso teria que ser comprado no mercado e teria que se remunerar esse trabalho. O que criaria um problema de despesas tanto familiares quanto sociais e públicas. De uma maneira geral, existem movimentações sociais em que as mulheres estão inseridas, mas, em primeiro lugar, o mais importante é ver como elas são importantes para a criação de toda uma série de riquezas que, se não fossem as mulheres que estivessem fazendo de graça, o país teria um grande problema financeiro.

IHU On-Line – Quais os pontos fortes da reflexão sobre o trabalho do cuidado, desempenhado especificamente pelas mulheres?

Helena Hirata – O mais importante é que são as mulheres, majoritariamente, que fazem este tipo de trabalho. O fato delas fazerem o mesmo tipo de trabalho e cuidado com pessoas idosas, doentes, com deficiência física e com crianças, de maneira gratuita dentro de suas casas, faz com que esse trabalho seja muito desvalorizado e mal pago. Ao mesmo tempo, o fato de que as mulheres começam a trabalhar de maneira remunerada, mesmo mal pagas, nestes tipos de trabalhos, paradoxalmente, visibiliza um
trabalho doméstico, até então efetuado de maneira privada e invisível. Isso mostra que esse trabalho não é feito gratuitamente, tem que ser remunerado e mercantilizado. A externalização do trabalho doméstico, que antes era feito por amor ao marido, ao companheiro, pode ser um lugar de valorização deste trabalho. Esse trabalho é muito importante, por que se desenvolveu e se desenvolve enormemente hoje, sobretudo dado a tendência demográfica do envelhecimento e da longevidade cada vez maior das pessoas idosas em todo o mundo, inclusive no Brasil, e isso faz com que esse trabalho seja cada vez mais significativo na sociedade contemporânea.

O outro ponto importante neste trabalho, que é fundo do debate teórico, é que muitas pesquisadoras e especialistas no tema dizem que precisamos superar o enfoque de gênero quando falamos de cuidado. O que falei é que há diferenças entre homens e mulheres, e são as mulheres que fazem este tipo de trabalho, que se sacrificam e ganham pouco, que têm um trabalho invísivel, mas que pode ser visibilizado. Ora, as pesquisadoras e teóricas, que trabalham sobre a ética, a política e a moral deste tipo de trabalho, irão dizer que, na realidade, não é a questão de gênero que é principal na problemática do care, mas que mostra que todas as pessoas irão ser dependentes em algum momento do ciclo de vida delas, e, portanto, isto deve ser uma preocupação universal. Segundo elas, todos devem fazer este tipo de trabalho, porque concerne a todos. Hoje, nós adultos, somos independentes, autônomos e nos orgulhamos disso, mas não seremos sempre assim. Já fomos dependentes quando pequenos, seremos em momentos de doença, e seremos dependentes, forçadamente, a partir de um certo momento da vida, pela idade mais avançada. Acho que essa é uma das questões mais importantes, desenvolvidas pela problemática deste tipo de trabalho, é a questão universal, que ultrapassa o gênero, e trata do humano.

IHU On-Line – A Divisão Sexual do Trabalho é um dos seus temas de estudo e também um dos verbetes na obra. Qual é a importância dessa discussão atualmente?

Helena Hirata – Até hoje, se falou muito no trabalho profissional dos homens e mulheres e na igualdade de
Gloria Macapagal Arroyo é a atual presidente das Filipinas. É a segunda presidente de seu país depois de Corazón Aquino.
salários que seria necessária, já que os sálarios masculinos e femininos são muito díspares em todo o mundo, embora sejam mais igualitários em um país europeu como a Suécia, e muito desigualitário em um país asiático como o Japão. Para além dessas discussões sobre desigualdade de salários e na profissão, a questão da divisão sexual do trabalho remete a ideia de que há uma divisão entre os sexos, tanto no terreno do trabalho quanto no do saber e do poder, e que tudo isso é indissociável. Não podemos pensar na situação das mulheres no campo, puramente, do trabalho, sem pensar na situação das mulheres no campo do trabalho doméstico, do saber, do poder e na divisão das capacidades de decisão e responsabilidade nos governos, parlamentos e diferentes campos das instituições. Quando digo que há pouca perspectiva de gênero nesses diferentes âmbitos de poder, não é pelo fato de que, se tem uma mulher em cada governo, isso irá mudar frontalmente as coisas, isso é demonstrado pela Gloria Macapagal Arroyo, nas Filipinas, pela Cristina Kirchner, na Argentina ou Michelle Bachelet, no Chile. Houve e há mulheres presidentes, que são uma minoria, mas não é porque são mulheres que
Cristina Kirchner e Michelle Bachelet
tudo muda de repente, as políticas não mudam de uma hora para outra. É necessário que haja divisão sexual do trabalho. O grupo social dos homens e das mulheres deve ser modificado, porque um indivíduo não vai mudar, frontalmente, essas coisas.

No verbete Divisão Sexual do Trabalho e Relações Sociais de Gênero, a Danièle Snotier tem uma tese importante. Ela diz que o trabalho e a divisão sexual deste é o que está em jogo nas relações sociais entre os homens e mulheres. Eles lutam pela repartição desse trabalho profissional e doméstico, e, enquanto não houver uma mudança na divisão sexual do trabalho, a desigualdade, dominação, opressão e exploração das mulheres pelos homens vai continuar.

IHU On-Line – Em se tratando de divisão sexual do trabalho, há uma vulnerabilidade provocada socialmente pelo casamento?

Helena Hirata – Muitas teóricas do feminismo irão dizer que o casamento é uma maneira de criticalizar essa situação de desigualdade e poder. Dizem que os homens casando, de certa forma, se apropriam, não só das mulheres, mas do corpo delas e de sua disposição. Assim, portanto, elas vão se tornar, com o casamento, uma espécie de prostitutas, já que elas são dependentes economicamente, e são sustentadas pelo marido em troca de diversos favores, inclusive sexuais. Há toda uma análise que é feita por antropólogas e por sociólogas. Há uma série de autores que, de certa forma, analisam casamento e prostituição como sendo duas faces de um mesmo tipo de poder e opressão dos homens sobre as mulheres. Acho que essa discussão é totalmente atual, e a questão da vulnerabilidade se coloca inclusive em sociedades em que as mulheres deixam de trabalhar, ou não podem trabalhar, por que devem se dedicar aos filhos, a casa etc. Elas se tornam vulneráveis na medida em que dependem totalmente das rendas do marido, e, portanto, são vulneráveis em situação de ruptura, quando se divorciam, por exemplo, e em situações em que elas continuam sobre o julgo do marido, porque dependem completamente deles para tudo que desejem realizar como projeto. Acho que os estudos sobre precarização social e do trabalho, com muito raras exceções, não veem os indicadores, essas variáveis de vulnerabilidade.

IHU On-Line – A figura da mulher executiva tem crescido nessas últimas duas décadas. Qual a sua visão sobre isso?

Helena Hirata – Hoje existe toda uma análise de escolas e pensamentos feministas que denomina essa tendência de polarização de emprego feminino. Há dois pólos, um mais valorizado e reconhecido, com salários relativamente altos e muitas responsabilidades. Da população feminina, 10% tem esses “bons empregos” e 90% cumpre funções relacionadas com o que elas fazem em casa, como as empregadas domésticas, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, professoras etc. Esses dois grandes pólos fazem com que haja uma categoria de mulheres que tenha um tipo de comportamento de atividades contínuas, longas horas de trabalho, viagens e consequentemente pouca possibilidade de cumprir plenamente os papéis sociais atribuídos à mulher. Então, essa figura da executiva está criando uma consequência que é a necessidade cada vez mais de outras mulheres de camadas populares que não têm as mesmas necessidades de estarem presentes na vida das famílias. A carreira profissional de uma depende da carreira de outras, porque uma complementa o trabalho feminino da outra. Há, portanto, um potencial político e social muito grande por parte dessas domésticas, babás entre outras que fazem a carreira dessas mulheres executivas funcionar.

IHU On-Line – As empresas multinacionais contribuíram para um melhoramento das condições de trabalho especialmente das mulheres?

Helena Hirata – Fiz muitas pesquisas sobre multinacionais francesas e japonesas, tanto nesses países como no Brasil, e posso dizer que realmente há uma melhora das condições de trabalho das mulheres de países ditos em vias de desenvolvimento quando são empregadas pelas firmas multinacionais. Em termos de salário, por exemplo, uma mulher que trabalha numa multinacional vai ganhar mais do que ganhava numa firma de capital nacional. Isso porque as multinacionais têm mais possibilidades de movimentações financeiras e podem dar melhores condições de trabalho. Nos anos 1980, quando estive numa multinacional francesa na área da metalúrgica, de sobremesa, eles davam maçã numa época que essa fruta não era comum no Brasil. Então, eu acho que desse ponto de vista dos benefícios sociais, as próprias operárias reconhecem como boas condições. Só que essas condições melhores não podem ser consideradas em si, mas no conjunto dos movimentos das empresas nas sociedades.

IHU On-Line – Há, hoje, a chamada Geração Y, conhecida também como a geração da Internet, considerados jovens bem informados, questionadores e com sede de subir na carreira. Como você vê a participação da mulher nesse grupo?

Helena Hirata – Acho que certamente existem mulheres dentro deste grupo, mas aparentemente todos os estudos sobre hackers e sobre os que têm uma atividade muito intensa em termos de uso da Internet considera que esta área é majoritariamente ocupada por homens. Nesse sentido, está a questão da relação das mulheres com a técnica. Há estudos da diferença entre a relação dos homens e mulheres com a técnica e parece que há o que algumas autoras chamam de construção social da incompetência técnica das mulheres. Não se pede às mulheres para consertar um carro, por exemplo. Claro que, cada vez mais, há uma tendência à igualização das relações de homens e mulheres com a técnica. Mas hoje, por mais que as mulheres tentem entrar na área da informática, o setor é ainda majoritariamente ocupado por homens no plano profissional.

Para ler mais:

sábado, 17 de abril de 2010

O Massacre de Eldorado dos Carajás

by admin on 17/04/2010 · 0 comments


Arte: Latuff

Faz 14 anos (17 de abril de 1996) que a polícia assassinou, covardemente, dezenove sem-terra no município de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, Brasil.
A história precisa ser lembrada para não mais se repetir…

Fonte: Blog do CEA.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Petição contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto


Petição contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto
Qua, 14 de Abril de 2010 21:56 Última atualização em Qua, 14 de Abril de 2010 22:11 Escrito por Administrator Nós, que defendemos a saúde e a vida das mulheres, vamos mostrar que a liberdade, a solidariedade e a honestidade são valores centrais para construção de uma democracia mais justa e igualitária. Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.


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A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública.
As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.
A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres. No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres.
A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento. Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.
A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres.
Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.
A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, cultura, saúde.
As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde.
Neste contexto, não podemos nos calar!
Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres.
Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade.
Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!
Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.
Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

clique aqui para assinar

Fonte: Universidade Livre Feminista

segunda-feira, 12 de abril de 2010

4º Encontro de Comunidades Quilombolas


Pelotas sediará o 4º Encontro de Comunidades Quilombolas


A memória histórica, a inclusão étnica e a diversidade cultural de mais de 40 comunidades remanescentes de antigos quilombos da região sul do Estado vão estar integradas pela primeira vez em Pelotas. A cidade vai sediar, no próximo sábado (17), a 4ª edição do Encontro Regional de Comunidades Quilombolas, promovido pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) e a comissão das comunidades quilombolas do Território Zona Sul.



As instalações do Colégio Sinodal Alfredo Simon, local onde acontecerá o Encontro, vão receber um público de mais de 800 pessoas esperadas das comunidades de 16 cidades da região. Também participam do evento os angolanos Domingos Fingo economista e Diretor Executivo da Associação Construindo Comunidades (ONG que promove os direitos humanos na cidade de Lubango, na Angola) e Matheus Mifungua líder comunitário no interior da mesma cidade. O educandário que acolhe o evento fica na rua Alfredo Simon, 550, no bairro Cohab Lindóia.


Para a primeira edição em Pelotas o Capa elaborou uma programação que abrange palestras, entrega de certificação pela Fundação Cultural Palmares, intercâmbio, apresentações culturais e prestação de serviços através da Defensoria Pública. Na ocasião, também será lançada a rede de artesanato quilombola.
Todas as atividades tem como propósito estimular a troca de técnicas, conhecimentos, saberes e experiências de vida de cada comunidade a fim de fortalecerem seus laços e suas culturas.


- Este é um momento especial para as comunidades quilombolas, além do encontro e partilha dos abraços e sorrisos, as pessoas e comunidades se reconhecem e reforçam sua organização e caminhada conjunta - ressaltou a coordenadora do Capa, Rita Surita, explicando:


- O encontro vem atualizar a agenda de propostas e lutas dos quilombolas que buscam conquistar seu espaço e ver seus direitos respeitados.


O Capa e eventos passados


Com foco na promoção do etnodesenvolvimento sustentável, o Capa que também atua com agricultores familiares, assentados, indígenas e pescadores, deu início aos primeiros trabalhos junto às comunidades remanescentes dos quilombos em 2002. Com apoio de programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) esse trabalho foi abrangendo um número cada vez maior de comunidades, com capacitações para a geração de renda, oficinas de artesanato, dança, e organização dos quilombos para auto-sustentação e inserção em políticas públicas.


Para agregar essas comunidades, facilitar o estreitamento de laços, trocas de saberes, tradições e conhecimentos, estimulando a organização e preservação de identidade e manifestações culturais destes grupos, o Capa promoveu o primeiro Encontro em 2004. O segundo, em 2005, foi o maior já realizado, reunindo cerca de 1300 quilombolas. Assim como o último, em 2006, todos os encontros ocorreram em São Lourenço do Sul e agora, pela primeira vez, acontecerá em Pelotas.


Programação
Sábado - 17 de abril


8h30 - Chegada das caravanas e café da manhã
9h - Acolhida com toque dos tambores
9h45 - Mesa de abertura
11h - Palestra: Protagonismo, cidadania e políticas públicas a população quilombola - Defensoria Pública da União (Daniel Mourges Cogoy)
11h45 - Entrega de certidões da Fundação Cultural Palmares a quatro comunidades quilombolas
12h15 - Almoço
14h - Palestra: intercambistas africanos Domingos Fingo e Matheus Mifungua
14h30 - Apresentação mestre Chico (cultura)
15h - Lançamento do catálogo da Rede de Artesanato Quilombola
15h30 - Apresentações culturais
17h - Encerramento com café e despedida


Atividades paralelas


- Mostra Etnofotográfica
- Mostra do Artesanato Quilombola
- Encontrinho Quilombola
- Balcão da Cidadania (Defensoria Pública da União), das 12h às 15h

domingo, 11 de abril de 2010

Argentina celebra primeiro casamento entre lésbicas

Do G1, com agências internacionais

Uruguaia e argentina namoravam havia 30 anos. Elas conseguiram autorização judicial para a união.

Duas mulheres, ambas de 67 anos, se casaram nesta sexta-feira (9) em um cartório em Buenos Aires, no que foi o primeiro casamento entre lésbicas na Argentina.


A argentina Norma Castillo e a uruguaia Ramona Cachita Arévalo, que namoravam havia 30 anos, se casaram depois de conseguir uma autorização judicial concedida pela magistrada Elena Liberatori.

A uruguaia Ramona Arevalo e a argentina Norma Castillo, posam se beijando nesta sexta-feira (9) depois de terem se casado em Buenos Aires. (Foto: AFP)

As duas são ativistas do coletivo 100% Diversidade e Direitos, e Norma é titular do Centro de Aposentados Porta Aberta à Diversidade, organizações que fazem parte da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais.


Este é o terceiro casamento entre pessoa do mesmo sexo realizado na Argentina e o primeiro entre duas mulheres.

http://www.feminismo.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=995:argentina-celebra-primeiro-casamento-entre-lesbicas&catid=95:direito-sexuai-e-reprodutivos

Fonte: Universidade Livre Feminista

www.feminismo.org.br


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Meninas são abusadas por usarem “pulseira do sexo”


Um enfeite criado na Inglaterra tem se espalhado pelo Brasil e está sendo usado para justificar a violência contra as mulheres

As chamadas “pulseiras do sexo” são enfeites coloridos, feitos de silicone e funcionariam como uma espécie de jogo: cada cor teria um significado, a pessoa que arrebentar a pulseira da dona, teria o “direito” de receber dela uma retribuição, correspondente à cor do objeto, o roxo equivaleria a “beijo de língua”, a preta, “sexo”.

O que parecia ser uma brincadeira tem se tornado uma justificativa para o abuso e violência contra mulheres.

No estado do Paraná, na cidade de Londrina, uma menina de 13 anos pode ter sido violentada por usar a pulseira. De acordo com o que divulgou um jornal local, a menina relatou à polícia ter sido violentada por quatro jovens. Outros seis casos de violência sexual envolvendo as pulseiras estão sendo investigados. Em Manaus, capital do Amazonas, duas garotas foram mortas após serem estupradas. Uma delas de 14 anos foi encontrada morta em um quarto de hotel. Com ela estavam seis pulseiras que teriam sido “arrebentadas pelo autor do crime”.

Assim como os conhecidos casos em que o modo de vestir da mulher ou seu comportamento são usados para justificar a violência sexual, as pulseiras estão sendo usadas para alegar, por um lado, que a prática sexual teria sido consentida e, por outro, que a menina que usa é moderna, livre sexualmente etc. E mais uma vez, a vítima se torna culpada.

No País de Gales

Na última semana, foi divulgado pelas autoridades educacionais do País de Gales o caso “de uma menina de seis anos que teria sido submetida a uma série de abusos físicos e sexuais por um grupo de 23 colegas de classe da mesma faixa etária” (BBC Brasil, 1/4/2010).

A mãe da menina foi alertada pela mãe de outra menina que também sofreu abusos na escola. “Todos os dias ela era despida. Ela sofria abusos físicos e sexuais, todos os dias. E todos os dias ela chorava por ajuda, mas ninguém nunca foi ajudá-la”, (idem).

Apenas quando a mãe da menina entrou com uma ação na justiça “autoridades educacionais locais estabeleceram um inquérito para investigar o caso”, mas as medidas previstas se resumem a discursos sobre a dificuldade de reprimir o crime, visto que estariam sendo praticados por outras crianças.

O caso do País de Gales é exemplo de que a situação de inferioridade das mulheres, sua falta de direitos e autonomia, é compreendida desde cedo pelos garotos, que se acham no direito de abusar e violentar as meninas. Que muitas vezes é estimulado pela sociedade, considerado legítimo, ou um mero exercício da masculinidade.

Nos dois casos, a mulher é abusada, e não só nada é feito, como existe um permissividade já que, como a violência é contra uma mulher, isto não seria um caso grave e nem passível de medidas drásticas contrárias.

Pelo fim da opressão e todo tipo de violência contra as mulheres.

fonte: Universidade Livre Feminista

terça-feira, 6 de abril de 2010

Campanha de Saúde para Lésbicas


Campanha de Saúde para Lésbicas é lançada em Porto Alegre no o8 de março!

Em parceria com a Academia, a Prefeitura de Porto Alegre, o Governo Federal e parceiras do movimento social, a LBL lançou no dia 08 de março uma campanha de sensibilização sobre a necessidade de realização de exames ginecólogicos preventivos direcionada a mulheres lésbicas e bissexuais.

Desenvolvida pela Patuá Comunicação Responsável, usando militantes lésbicas como modelos, a campanha também trabalhará o acolhimento destas mulheres com os profissionais de saúde nos postos do SUS:

CLIQUE NO BANNER PARA ACESSAR A ÁREA DA CAMPANHA!

Peças buscam sensibilizar pacientes e médicos

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Recado da Naiara:


Oi gente, tudo bem?

O mês de março, como não poderia deixar de ser, foi bastante agitado: de 08 a 18 de março marchamos entre Campinas e SP, numa grande ação feminista que reuniu mais de 2000 mulheres de todo o Brasil.

Durante os 11 dias que estivemos juntas, além de marcharmos cerca de 15 Km por dia, centralizamos os debates em 04 eixos específicos da III Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. Foi 10! Postei fotos (mais de 900!) em ttp://picasaweb.google. com/naiaramalavo lta

Também em março, no dia 08, lançamos (LBL - RS) uma campanha voltada à saúde das mulheres lésbicas. Tem um link no nosso blog www.lblrs.blogspot. com que remete para áreas específicas da campanha, voltadas para médicos e para pacientes lésbicas.
CONFERE lá e aproveita para botar um linquezinho na tua página para este espaço, questão de saúde, ok!?

Bjs e estou on-line novamente!
Naiara

Conar mantém suspensão de campanha da cerveja Devassada