terça-feira, 31 de maio de 2011

Livros de autoras mulheres sobre mulheres

10 livros essenciais de autoras mulheres sobre mulheres

Backwards In High Heels – The impossible art of being female (Tania Kinderslay & Sarah Vine)

Esse livro foi escrito por duas inglesas e, embora tenha em algumas partes um tom de autoajuda, penso que fica muito mais na área da crítica. Através de exemplos do cotidiano dando “dicas” como se fossem uma revista feminina típica, quase caricata, elas vão desconstruindo uma série de mitos sobre as mulheres e abrindo espaço pra pensarmos modelos e mais modelos, versões e mais versões de nós mesmas. Criticam, por exemplo, o mito de que uma mulher não gosta de outra, de uma forma leve, simples e ainda assim crítica. Coisas que só a literatura faz por nós.

Três Vidas (Gertrude Stein)

Este outro é um clássico da escritora Gertrude Stein (que dá nome à minha gatinha branca de olhos azuis, com muito orgulho). Ela conta três histórias paralelas em três capítulos diferentes. Cada uma, uma mulher. Cada uma, uma relação com sua condição de mulher. A escrita de Gertrude rasga o coração. Teve sobre mim o efeito de Dogville, do Lars Von Trier: ao final, vontade de sumir do mundo, de não existir. É denso. Mas não é pesado. É belo. Uma beleza triste, mas ainda assim belo.

Momentos de Vida (Virginia Woolf)

Nesta belezura que chegou às minhas mãos agora em 2011 estão alguns rabiscos e rascunhos e textos curtos de Virginia sobre sua própria vida. Li com muito carinho “Um esboço do passado” em que reflete sobre suas memórias e sobre como constrói suas memórias ao longo da vida. É essencial, bem escrito, elegante, tocante. É Virginia ela toda.

El prestigio de la belleza (Piedad Bonnet)

Piedad Bonnet é professora universitária na Colômbia. O texto tem um quê de autobiográfico e é um estilo Isabel Allende sem a parte histórica (ou quase) e com muito mais acidez e ironia ao relatar os fatos da própria vida. Divertido, nos guia pela trajetória da autora com humor e descrições incríveis da memória visual, táctil, olfativa. Do amor, do terror. Difícil de comprar, achei somente na Libreria de la U (www.libreriadelau.com) mas entregam no Brasil sem problemas por um preço excelente. Corram!

Persépolis (Marjane Satrapi)

Se tem um destes livros que você já deveria ter lido é Persépolis. Ele está aqui para desencargo de consciência. “Ah, mas eu vi o filme”. Ok. No caso de Persépolis o livro não é o filme MESMO. As coisas relatadas são diferentes, a linguagem é superdiferente (acho o quadrinho até às vezes mais distante ainda do cinema do que a literatura). É realmente uma outra história. Na série de 4 livros (que pode ser comprada como volume único) a iraniana Satrapi conta uma espécie de autobiografia política ou de obra política autobiográfica, vai saber. Quebra com uma porção de preconceitos de uma vez só, inclusive essa imagem abobalhada que temos aqui das mulheres islâmicas e do Irã. Vale a pena.

As boas mulheres da China (Xinran)

Já falei e falo muito deste livro, que está entre os que mudaram minha vida. Xinran foi radialista e percorreu a China coletando e contando histórias das mulheres chinesas que sofreram a revolução cultural. Assim como a obra de Satrapi, é uma obra feita em exílio. Li quase tudo da autora e digo que este livro é o mais denso, o mais emocionante, o mais tocante. É trágico e desesperador. Mas alerta para nossa condição de mulheres, estejamos na China ou em qualquer lugar da sociedade ocidental. Segurem o fôlego e embarquem.

A mulher que matou os peixes (Clarice Lispector)

Clarice é Clarice. Há quem ame, há quem odeie. Eu gosto bastante mas pessoalmente prefiro Virginia. São diferentes. Enquanto os “grandes livros” de Clarice são bem conhecidos, comecei a notar que este aqui pouca gente conhece. Minha mãe leu pra mim pela primeira vez quando morreu um peixinho lá em casa. De uma forma que só ela sabe, Lispector fala da morte. Do começo ao fim, é só morte. Mas ao contrário das boas mulheres da China, que é só vida, este não é nem de longe um livro trágico. Deixo-as na curiosidade.

Minha história das mulheres (Michelle Perrot)

Ok, confesso que esse aqui não é de literatura. Perrot é historiadora e trabalha com a questão de uma história das mulheres. Neste livro faz uma espécie de resumão das questões mais relacionadas na história das mulheres: corpo, trabalho, ocupações, família, maternidade e por aí vai… Curtinho e com edição em português por preços bons, não tem mais desculpa, galera, já pra leitura.

Os garotos da minha vida (Beverly D’Onofrio)

Há quem discorde mas este livro pra mim é megafeminista. Talvez você conheça o filme com a Drew Barrymore (minha ídala; se não conhece vai já pra locadora que em qualquer Blockbuster e afins tem). Esta é uma autobiografia, de Beverly. Beverly conta da difícil relação com a família, com a própria sexualidade e construção da autonomia através do grande baque de sua vida: uma gravidez aos 15 anos. É um livro emocionante, lindo e, ver no making of do filme ela mesma ajudando a Drew a construir os personagens depois, ah, é demais. Lembrete do dia: passar na locadora, hein?

Ariel (Sylvia Plath)

Não podia excluir a poesia dessa lista. Amo este tipo de texto e amo mais ainda as mulheres que o fizeram em grande estilo, como é o caso de Sylvia Plath ou Emily Dickinson. Como Clarice e Virginia ela se suicidou (gentê, será que isso é um sinal pra mim? rê rê rê, brincadeirinha). Era casada com um poeta que com qualquer coisinha obtinha super sucessos enquanto ela penava pra dar conta de toda a família e ainda escrever, publicar, enfrentar os editores que achavam que seu estilo não era de mulher… Sylvia é obscura. É um corvo que corta o ar na direção exata das entranhas que devora. Não me canso de suas palavras. Tem um filme sobre a vida dela, com a Gwyneth Palthrow, que ganhou meu respeito por conta disso, devo dizer (tá bom, Grandes Esperanças também é uma adaptação bacaninha, vai).

[Bônus da lista pra quem veio até o fim]

Dicionário crítico do feminismo (Helena Hirata – org)

A pesquisadora Hirata é nome obrigatório pra quem estuda gênero e trabalho hoje em qualquer lugar do mundo ocidental. Bem, este livro que ela organizou é uma espécie de coletânea com artigos excelentes que mapeiam TODA a produção feminista sobre alguns temas muito comuns entre pesquisadoras feministas. Tem um capítulo sobre família, um sobre sexo, outro sobre conceito de gênero, outro sobre maternidade, etc. Pra começar a discutir qualquer tema em qualquer lugar com algum conteúdo e buscar referências para depois se aprofundar, é uma obra essencial.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em marcha, pela liberdade - por Tica Moreno*

Liberdade

Foi esse o mote que juntou 5 mil pessoas nas ruas de São Paulo no último sábado, na Marcha da Liberdade.

As redes sociais foram super importantes pra convocar toda essa galera. Foram um instrumento. Mas o que fez as pessoas tomarem conhecimento do que ia acontecer, espalhar a informação, criar conteúdos, posts e cartazes, e ir pro MASP no sábado a tarde foi a indignação frente a uma política que tem violando nossos direitos com uma frequência que incomoda até os mais acomodados.

O direito violado, nesse caso, foi o da liberdade de expressão.

E fomos lá, muitos e muitas, expressar qual liberdade nos falta. Sexualidade livre, cultura livre, mulheres livres – foram alguns dos temas que viraram musiquinhas durante a marcha.

Pela liberdade das mulheres

Depois de uma atividade sobre a plataforma da Frente pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto, os panfletos feministas chegaram à Av. Paulista.

Fonte: Marcha Mundial das Mulheres

Historicamente, a luta pela legalização do aborto é levada pelas feministas, porque este é o movimento que compreende que o direito a decidir sobre o corpo e a maternidade é fundamental para que as mulheres sejam livres e autônomas. Mas faz parte dessa nossa luta convencer mais setores da sociedade a defender o direito ao aborto.

E, em uma manifestação ampla e diversa como a de sábado, nos surpreendeu positivamente a aceitação da luta pela legalização do aborto, o que foi possível medir pela adesão de homens e mulheres às músicas pró direito ao aborto, mas também pelo apoio de alguns coletivos que estavam na organização da marcha.

A solidariedade com as mulheres em defesa do direito ao aborto legal e seguro tem que crescer.

Não pode ser só das feministas a indignação frente à realidade da criminalização do aborto, que faz que o aborto inseguro seja a terceira causa de morte materna no Brasil. Somos clandestinas. Aqui, uma em cada cinco mulheres já fez aborto, mas a criminalização penaliza mais às mulheres negras e pobres, que o praticam em condições inseguras. O aborto em uma clínica segura custa em torno de 5 salários mínimos, numa sociedade em que a maioria das mulheres recebe até 2 salários mínimos.

Os debates feministas sobre o aborto partem de alguns princípios. Entre eles, a convicção de que nenhuma mulher deve ser presa, humilhada, perseguida ou maltratada por ter feito aborto.

É uma questão de saúde pública, mas é também, e fundamentalmente, uma questão relativa à autonomia das mulheres, que devem ter o direito de decidir se querem ou não ser mães em um determinado momento da vida. A maternidade não pode ser uma obrigação, nem um castigo.

Fonte: Marcha Mundial das Mulheres

Mas nós estamos longe de conquistar esse direito no Brasil.

Os ataques conservadores que se manifestaram na campanha eleitoral continuam acontecendo. Recentemente, mais clínicas foram fechadas em Fortaleza e Porto Alegre. Projetos de lei como o estatuto do nascituro – que privilegia uma vida em potencial em detrimento da vida concreta das mulheres – continuam sendo articulados no Congresso Nacional.

E, na sociedade, os valores conservadores relacionados à família e à sexualidade são reforçados e interferem na liberdade das mulheres. Ainda vemos – em discursos, novelas e políticas – as mulheres sendo consideradas como mães, e não como seres humanos completos, indivíduos dotados de razão, de desejo, de autonomia. Cidadãs. As mulheres são sujeitos da história e, enquanto não tiverem plena autonomia com relação a sua vida e a sua sexualidade, essa sociedade não vai ser livre.

Até lá, nós seguiremos em marcha.


* Tica Moreno - militante feminista da Marcha Mundial das Mulheres e da Rede Economia e Feminismo

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Inscrições abertas: I Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do RS


I Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do Rio Grande do Sul

Datas: 27, 28 e 29 de maio
Local: Câmara Municipal de Porto Alegre
Endereço: Av. Loureiro da Silva, 255; Porto Alegre-RS

Inscrições gratuitas

Inscreva-se!

A democratização da comunicação passa pelos meios digitais, segundo os organizadores do I Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do Rio Grande do Sul. Já estão abertas as inscrições para o evento, nos dias 27, 28 e 29 de maio, que tem como objetivo discutir de que forma os agentes da internet podem atuar para pluralizar a voz da sociedade.

Cerca de 200 autores de blogs e ativistas das redes sociais digitais são esperados na Câmara Municipal de Porto Alegre, para participar da programação, que aborda políticas públicas para os meios digitais, internet como instrumento para a democratização da comunicação, viabilização profissional do trabalho na rede, oficinas de tecnologia, debates de experiências e atividades de rua. Ao final do encontro, será elaborada uma carta dos participantes para apresentar as propostas na área e levar a discussão para o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em junho, em Brasília.

O evento, que vem sendo chamado nas redes sociais apenas de #BlogProgRS (o sustenido é o símbolo usado para formar as chamadas tags, ou seja, agrupar conteúdo em torno de um termo), surgiu como consequência do I Encontro Nacional, em 2010. Mais de 300 blogueiros se reuniram em São Paulo para fortalecer a blogosfera como uma alternativa ao discurso único e hegemônico dos meios de comunicação tradicionais e definiram a realização de encontros do mesmo tipo nos estados.

Encontros regionais vêm acontecendo em diversas regiões do país. O encontro gaúcho deve contar com transmissão ao vivo pela internet, para que possa ser acompanhado em todo o país e no interior do estado. Os organizadores ressaltam, no entanto, que a troca de experiências é mais rica quando presencial e contribui para o fortalecimento da rede virtual de blogs. Para participar presencialmente, as inscrições podem ser feitas pelo site http://blogprogrs.com.br/inscricao.


Programação


27 de maio, Sexta


18h30 — Credenciamento e abertura com autoridades e convidados;
19h30 — Mesa de abertura: "As mídias digitais e a democratização da democracia".

28 de maio, Sábado

09h00 — Mesa de debates: "A importância estratégica e a viabilização da comunicação digital";
11h00 — Debate e perguntas de plenário, respostas e considerações da mesa;
12h00 — Almoço;
14h00 — Mesa de debates: "Políticas públicas para comunicação digital";
16h00 — Oficinas simultâneas;
17h30 — Relatos e experiências de blogs: Somos Andando, El blog de Norelys e Teia Livre;

29 de maio, Domingo

09h00 — Debate de plenário sobre o II BlogProg Nacional, elaboração da Carta dos Blogueir@s e Tuiteir@s Gaúch@s;
11h15 — Coffee Break;
11h45 — Deslocamento para o Parque da Redenção;
12h15 — PIG PARADE no Parque da Redenção.

*A agenda poderá ainda sofrer alterações.

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Mesas de debates

As mídias digitais e a democratização da democracia

Vera Spolidoro — Secretária de Comunicação e Inclusão Digital do Estado do Rio Grande do Sul;

Altamiro Borges — Jornalista, blogueiro (Blog do Miro, http://altamiroborges.blogspot.com/), presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé (http://www.baraodeitarare.org.br/), ativista pela democratização da comunicação, organizador do BlogProg nacional, membro do Comitê Central do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e autor do livro "Sindicalismo, resistência e alternativas".

Marcelo Branco — Profissional de TI, ativista pela liberdade do conhecimento.

A importância estratégica e a viabilização da comunicação digital

Eduardo Guimarães — Blogueiro (Blog da Cidadania, http://www.blogcidadania.com.br/), comerciante, ativista político (presidente do Movimento dos Sem Mídia), organizador do BlogProg nacional.

Leandro Fortes — Blogueiro (Brasília, Eu Vi, http://brasiliaeuvi.wordpress.com/). Organizador do BlogProg nacional. Jornalista, repórter da revista Carta Capital. É autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo, Fragmentos da Grande Guerra e Os segredos das redações. É criador do curso de jornalismo on line do Senac-DF e professor da Escola Livre de Jornalismo.

Gabriela Zago — Jornalista gaúcha e pesquisadora de comunicação e jornalismo nas redes sociais digitais, blogueira (http://www.gabrielazago.com/), doutoranda em comunicação e informação, colaboradora do TwitBrasil e da Wave Magazine.

Luiz Carlos Azenha — Jornalista, blogueiro (Vi o mundo, http://www.viomundo.com.br/), organizador do BlogProg nacional. Foi correspondente internacional da Rede Manchete, do SBT e da Rede Globo. Atualmente, faz reportagens para a Rede Record e é diretor geral do programa Nova África da TV Brasil.

Renato Rovai — Blogueiro (Blog do Rovai, http://www.revistaforum.com.br/blog/). Jornalista, editor da revista Forum. Organizador do BlogProg nacional.

Políticas públicas para comunicação digital

Cláudia Cardoso — Diretora de Políticas Públicas da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital do Governo do
Estado do Rio Grande do Sul;

Vinícius Wu — Secretário Chefe de Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, coordenador do Gabinete Digital.

Debatedor: Marco Weissheimer — Jornalista, blogueiro (RS Urgente, http://rsurgente.opsblog.org/), editor da revista eletrônica Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/)

Oficinas simultâneas

Blogs I: Quero ter um blog, como começar?

Em definição.

Blogs II: Administração e ferramentas para blogs

Tatiane Pires — estudante de ciência da computação na PUC/RS, é programadora e webdesigner, escreve no blog tatianeps.net e colabora no portal Teia Livre (http://www.teialivre.com.br).

Redes Sociais

Mirgon Kayser — Assessor de Organização, Sistemas e Métodos da Fundação Cultural Piratini – TVE/RS e FM Cultura. Blogueiro, autor do Blog do Mirgon (http://blogdomirgon.blogspot.com/).

Relatos e experiências de blogs

Cristina Rodrigues — Somos Andando (http://somosandando.wordpress.com/) — Porto Alegre
Sr. Cloaca — Cloaca News (http://cloacanews.blogspot.com/) — Porto Alegre
Norelys Morales — El blog de Norelys (http://norelysblog.blogcip.cu/) — Havana / Cuba
Marco Aurélio — Teia Livre (http://www.teialivre.com.br) — São Paulo

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domingo, 15 de maio de 2011

FESTA DA BIODIVERSIDADE - 19 mai 2011

Nota de repúdio às piadas de mau gosto do “humorista” Rafinha Bastos


Data: 11/05/2011

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) vem a público manifestar sua indignação pela maneira como o “humorista” Rafinha Bastos, da TV Bandeirantes, faz piadas com os temas estupro, aborto, doenças e deficiência física. Segundo a edição desse mês da Revista Rolling Stone, durante seus shows de stand up, em São Paulo, ele insulta as mulheres ao contar anedotas sobre violência contra as mulheres.“Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço”. Isso não é humor, é agressão gratuita, sem graça, dita como piada. É lamentável que uma pessoa - considerada pelo jornal The New York Times como a mais influente do mundo no twitter -, expresse posições tão irresponsáveis e preconceituosas. Estupro é crime hediondo e não requer, em nenhuma hipótese, abordagem jocosa e banalizada.

Vale lembrar que qualquer mulher forçada a atos sexuais, por meio de violência física ou ameaça, tem seus direitos violados. Não há diferenciação entre as vítimas e, tampouco, a gravidade e os danos deste crime diminuem de acordo com quaisquer circunstâncias da agressão. Assim, a SPM condena a banalização de tais preconceitos e, como organismo que visa, sobretudo, enfrentar a desigualdade para promover a igualdade entre os gêneros, a Secretaria repudia esse tipo de “humor” e qualquer forma de violação dos direitos das mulheres. Humor inteligente e transgressor não se faz com insultos e nem preconceitos. A sociedade não quer voltar à era da intolerância e, sim, dar um passo adiante.


Secretaria de Políticas para as Mulheres

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Há lugar para a Juventude na Reforma Política?


Por Carla Bezerra e Gabriel Medina

A Reforma Política está novamente na agenda do dia, e dentro de um cenário mais favorável para a aprovação de medidas progressistas. Para nós, movimentos sociais e partidos políticos do campo democrático e popular, a defesa dessa reforma tem como sentido ampliar a participação e a democracia. Alterar o sistema político deve representar também acelerar as mudanças que hoje ocorrem no Brasil. Mais acesso à direitos básicos deve andar casado com mais poder e participação do povo.


Por isso, ela deve ter como diretrizes: ampliar a participação popular por meio de mecanismos diretos e participativos, fortalecer os aspectos ideológicos e programáticos dos partidos políticos, garantir maior presença de setores hoje sub-representados, como mulheres, negros/as e jovens, combater a prevalência do poder econômico, do excessivo personalismo, e do uso legendas de aluguel, hoje tão disseminadas no atual formato de nosso sistema político.


Caminhos e Possibilidades


Os caminhos para que essas mudanças ocorram são vários. No presente, o que tem se desenhado no Congresso é uma alteração mais pontual na nossa legislação eleitoral. O que está em processo de votação agora são as regras voltadas para a eleição de mandatos proporcionais (câmaras e assembléias).


Os efeitos dessas possíveis mudanças, mesmo que não tão amplas quanto defendemos nos movimentos sociais, são de importância fundamental e não devem ser menosprezados. Trata-se de momento inédito de coesão interna no PT, bem como de uma capacidade de articulação e diálogo com diferentes partidos políticos. Dentre as mudanças que há maior consenso, estão o financiamento exclusivamente público de campanha, a fidelidade partidária e o voto em lista preordenada – além do rechaço completo de propostas como “distritão“.


Esses três elementos combinados são fundamentais para os objetivos que mencionamos no início do texto: combater a prevalência do poder econômico, o oportunismo eleitoral e a sub-representação de setores como mulheres, negros e juventude.

Não é possível falarmos em democracia representativa, quando mais da metade da população não está devidamente representada nos espaços do Congresso Nacional. Nesse sentido, para democratizarmos a democracia, a defesa da lista preordenada só faz sentido se combinada ao critério de paridade de gênero. A isso, deve-se acrescer também outros recortes específicos, como de recorte étnico-racial, e a garantia de representação da juventude.


A Juventude na Reforma Política


No Brasil temos uma sub-representação da juventude nos partidos e instituições políticas, um fenômeno que não é restrito a partido A ou B e sim um problema generalizado. Nesse sentido, são necessárias ações políticas complementares para garantir a ampliação da participação dos jovens nesses espaços políticos e a renovação dos quadros políticos, tanto no campo das idéias como no da idade.


As propostas que defendemos para a Reforma Política contribuirão para que setores organizados, possam se expressar nas listas partidárias e sair da invisibilidade. Vale lembrar que hoje vivemos um dos maiores números de jovens na história do Brasil, com uma população de 50 milhões, representando 26% da população brasileira. Os jovens representam 40% do eleitorado, entretanto, representam 3% do Congresso Nacional.

É fundamental que haja um investimento específico dos partidos na sua juventude e na formação de novas lideranças. Assim, defendemos que seja obrigatória a destinação de 5% do fundo partidário para investimentos na organização da respectiva juventude, com o objetivo de formação de novos quadros militantes e lideranças.


Ainda, defendemos que haja um limite de no máximo duas reeleições no mesmo cargo para o exercício parlamentar. Esse tipo de limitação obriga a permanente renovação dos partidos e contribui para o combate à lógica de profissionalização dos cargos políticos, permitindo que novas lideranças possam surgir e se alternar nos espaços de poder.


Por fim, é preciso rever a questão dos limites de idade mínima para concorrer a eleições. Hoje já temos as maioridades civil e penal igualadas em 18 anos, e o direito ao voto inicia-se aos 16. Por que então limitar para 21 ou 35 anos, conforme o cargo, o direito a concorrer às eleições? Propomos que a idade mínima esteja igualada em 18 anos em todos os casos.


Ir para as ruas!


Sabemos que não basta realizar a disputa nos corredores do Congresso, onde os deputados tendem a votar na continuidade das regras que garantiram a sua eleição. É fundamental que os movimentos sociais e partidos políticos do campo democrático e popular estejam organizados em um amplo processo de disputa de valores na sociedade.


A juventude pode cumprir um papel fundamental nessa disputa. Este ano, teremos grandes atividades de organizações juvenis, como o Congresso da UNE, a Plenária nacional da Juventude da CUT, o II Festival das Juventudes em Fortaleza, dentre outros. Ainda, teremos um amplo processo de debate desde os municípios, com a II Conferência Nacional de Juventude. É necessário que em todos esses espaços, haja debates e resoluções e que se organizem campanhas públicas sobre o tema. Só assim, poderemos garantir uma disputa pela esquerda das mudanças no sistema político brasileiro.


*Gabriel Medina é presidente do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) e Carla Bezerra é membro da Executiva Nacional da Juventude do PT.

Fonte: Fundação Perseu Abramo

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pesquisa Mulheres Brasileiras na íntegra para consultar e baixar


publicado em 28/02/2011

Já está disponível para download nos portais FPA e SESC a íntegra da pesquisa "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado". A pesquisa foi realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, por meio de seu Núcleo de Opinião Pública, em parceria com o SESC. Estão disponíveis dados sobre Percepção de ser mulher, machismo e feminismo; Divisão sexual do trabalho doméstico e remunerado - satisfação com o tempo livre, Corpo, mídia e sexualidade, Saúde reprodutiva e abortamento, Violência Doméstica, e Democracia, mulher e política.

Conheça a íntegra da pesquisa clicando aqui.

Fonte: Fundação Perseu Abramo


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mulheres, participação e reforma política

Por Tatau Godinho*

A reivindicação da participação política é uma das lutas fundantes do movimento de mulheres. O feminismo compreendido como uma luta social, como uma ideologia e prática da luta pela libertação das mulheres, tem a sua origem no período da Revolução Francesa, quando pela primeira vez as mulheres se organizaram de forma coletiva para reivindicar o reconhecimento da sua cidadania, inscrevendo-se na história política do Ocidente como sujeito político.

Mas, como toda história regida por relações sociais de opressão, vários dos seus momentos fundamentais são marcados pela derrota. Ou, em uma avaliação mais dialética, e talvez menos influenciada pelos tempos bicudos da nossa atualidade, são momentos marcados pela contradição. A contradição entre a proposta de uma cidadania universal e a exclusão por relações de classe, de sexo e de raça.

Essa exclusão foi muito evidente quando se discutiram direitos formais como o direito de voto, como outros direitos instituídos a partir da legislação. Mas é muito menos perceptível ou admitida quando se tratam de direitos reais, que vão além da simples igualdade formal, jurídica.
A discussão de “direitos reais”, como uma fórmula para simplificar esta contradição entre o que se inscreve na lei e o que nós não temos na prática, nos remete diretamente a várias questões, na esfera da participação política, entre as quais é central mencionarmos pelo menos as seguintes:

- a igualdade efetiva entre mulheres e homens está relacionada à igualdade nos mais diversos âmbitos das relações sociais. Não se trata de uma igualdade formal, mas de conseguir que essa igualdade signifique não apenas o acesso, mas condições efetivas de participação política.
- o questionamento da modalidade atual do poder político, concentrado no Estado ou nas diversas estruturas do Estado, incluindo aí o Legislativo, e a forma de relação do Estado com a sociedade, marcada pelos interesses econômicos dos sujeitos com poder capaz de influir nas decisões das instituições.

O feminismo recente, após os anos 1960 e 1970, é reconhecido por alguns pensadores da esquerda como uma das principais forças que modificaram a esquerda a partir dos anos 70. Geoff Eley, em um texto extremamente interessante sobre a construção da democracia, a partir da história da esquerda na Europa(1), afirma que o feminismo foi com certeza o mais importante dos novos movimentos que emergiram naquele período, forçando uma reavaliação completa de tudo que a política engloba. Ele continua o seu raciocínio mostrando que nada enfatiza tão bem as oportunidades perdidas pela esquerda como as dificuldades experimentadas na relação entre o socialismo e o feminismo. Tergiversação permanente, negação explícita de direitos, dificuldade de questionar não apenas o discurso da transformação política, mas a prática cotidiana que se insere na vida privada e no espaço da vida pública.

Texto publicado em 2007, no site da Fundação Perseu Abramo, mas se encontro super atual.

*Tatau Godinho é Cientista Social.

Leia texto completo aqui

segunda-feira, 2 de maio de 2011

3º Encontro e Diálogos com a Educação Ambiental e 3ª Semana do Meio Ambiente do PPGEA - FURG


Energia solar fotovoltaica para todos
http://edeafurg.blogspot.com/p/programacao.html
Luis Alberto Maccarini
Num contexto planetário de queima de combustíveis fósseis, aquecimento global, construção de hidrelétricas de grande impacto ambiental e a perspectiva de utilização de centrais nucleares, o trabalho pretende ventilar a teoria e os principais conceitos ligados à geração sustentável de energia elétrica a partir do Sol.
Através da interconexão de painéis fotovoltaicos, inversor, e elementos de proteção, será feita a uma pratica com a montagem didática de um sistema de geração conectado a rede elétrica.
Serão exemplificadas outras instalações geradoras construídas pelo autor e revistos mitos relativos ao uso da energia solar como: baixa eficiência, custo elevado e dificuldade de armazenamento da energia gerada.
Será feito um paralelo entre esta modalidade de geração de energia e a mobilidade sustentável através de veículos elétricos.
Duração: 2hs. 30 vagas.