terça-feira, 26 de julho de 2011

sábado lilás (jornada de formação feminista II)

por Nanda Barreto

após semanas de chuva, o último sábado amanheceu ensolarado no rio grande do sul. em porto alegre, um grupo de feministas aproveitou a trégua do inverno para reforçar o papel das mulheres na luta por um mundo melhor. aproximadamente 20 ativistas participaram de uma atividade de formação promovida pela marcha mundial de mulheres-rs.

na pauta do encontro estiveram temas como lesbianidade, a marcha das margaridas, o evento rio + 20 e a organização dos movimentos populares para minimizar os prejuízos sociais da copa mundial de 2014. as militantes vieram de diferentes cidades da região metropolitana e saíram do evento com a mala cheia de informações. de volta para casa, a tarefa agora é compartilhar a experiência com outras mulheres.

o trabalho é de cigarra, com mil bocas no trombone, mas também é de formiguinha, com um pé atrás do outro: como é sabido, seguiremos em marcha até que todas sejamos livres =)


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Formação Feminista será dia 23 de julho em Porto Alegre

Esta atividade é destinada a todas as militantes feministas da Marcha Mundial de Mulheres do RS, que já passaram por processos de formação em seu núcleo da MMM, e principalmente para as militantes que são as lideranças feministas em seus municípios.

Nesta tarde de formação iremos trabalhar aquela ideia das metodologias para a formação e aprofundar mais alguns temas para nossa ação feminista, pensando a agenda e desafios para o próximo período.

Vamos levar os seguintes temas para debatermos:

- Lesbianidade e feminismo
- Marcha das Margaridas
- Rio + 20
- Copa de 2014

Levaremos material para contribuir com os debates, de acordo com as deliberações de nossa plenária, do dia 17 de abril de 2011.

Confirmações podem ser encaminhadas pela lista da MMM-RS ou pelo email: mmm_rs2004@yahoo.com.br

quinta-feira, 14 de julho de 2011

II Encontro da MMM - Caxias do Sul

“A luta das Mulheres por igualdade no mercado de trabalho”

No dia 02 de julho, realizou-se em Caxias do Sul o II Encontro Municipal da Marcha Mundial das Mulheres. A parte da manhã ficou reservada para um debate com a sociedade, sobre o tema “Mulher e Mercado de Trabalho”, que contou com a participação de Estela Villanova – militante da MMM e integrante do Núcleo Feminista Lua Nova Guayí e Natália Pietra Méndez – professora do curso de história e integrante do Observatório do Trabalho da UCS.

O painel contou com a participação de representantes da sociedade civil, lideranças sindicais e comunitárias, conselheiras do COMDIM, movimento estudantil, pastoral da juventude, economia solidária, além de representantes do Poder Público e mandatos parlamentares.

Para introduzir o debate, foi passado o vídeo “Mulheres Invísiveis”, que retrata a estrutura da divisão sexual do trabalho. O vídeo denuncia a hierarquia estabelecida pelo capitalismo entre o trabalho tido como produtivo (esfera pública, do mercado) e o trabalho tido como reprodutivo (esfera privada, do cuidado, da família), como se um não dependesse do outro, e não fossem igualmente importantes para o desenvolvimento da humanidade.

A Profa. Natália iniciou a discussão, trazendo os levantamentos do ‘Boletim Mulher e Mercado de Trabalho’ do Observatório do Trabalho da UCS que realizou pesquisa com dados da última década (1999 à 2009) em Caxias do Sul.

A pesquisa abrange apenas o mercado formal de trabalho, e traz dados assustadores. Caxias do Sul tem sua economia centrada no setor metalúrgico, que privilegia a mão-de-obra masculina. Mesmo assim, as mulheres representam 42% do mercado formal de trabalho em Caxias, e ingressam nestes setores recebendo os menores salários oferecidos pelo Mercado. Constatou-se que apesar do significativo aumento de mulheres no mercado formal de trabalho na última década, isso não significa que o número de homens tenha diminuído. O que ocorre, na realidade, é que as mulheres estão ocupando os espaços que foram abandonados pelos homens, principalmente em decorrência da baixa remuneração.

Constatou-se também que aproximadamente 60% das mulheres com vínculo empregatício no mercado formal, estão concentradas na faixa salarial de até 2 s.m., enquanto não chega a 30% as que percebem mais de 11 s.m. Ademais, a remuneração auferida pelas mulheres oscilou na faixa de 54,4% a 57,1% da renda masculina no setor da indústria (superando a média nacional de desigualdade salarial (30%).

Por fim, a pesquisa mostra também, que as mulheres são mais escolarizadas que os homens, no entanto, tal escolarização não tem servido para alcançar a equiparação salarial no mercado de trabalho, serve apenas para permitir a entrada das mulheres no mercado formal, pois as que não possuem qualificação escolar, acabam por permanecer na informalidade.

Importante ressaltar que os dados levantados são relativos a mulheres brancas. Quando se fala em mulheres negras os índices são ainda piores. Para a mulher negra é mais difícil tanto a entrada no mercado de trabalho como o ingresso nos melhores postos.

Também é muito preocupante as estatísticas em relação à juventude. A entrada dos jovens no mercado de trabalho ocorre de forma precária e nas piores condições. São vítimas do grande dilema da experiência para o trabalho. Precisam estudar para se qualificar, mas precisam trabalhar para sobreviver. Ganhando baixos salários, não conseguem estudar e trabalhar, sendo obrigados a abandonar, muitas vezes, os estudos.

Estela Villanova trouxe dados relacionados ao mercado informal de trabalho, especificamente sobre a Economia Solidária.

Diferentemente do que muitos pensam, os empreendimentos da ECOSOL não são formados majoritariamente por mulheres. Um mapeamento feito recentemente mostrou que as mulheres representam apenas 37% dos empreendimentos.

Percebe-se que mesmo na Economia Solidária existe latente desigualdade de gênero no que tange a formação dos grupos de trabalho. Os empreendimentos maiores, formados por mais de 20 pessoas, e, portanto, que acabam tendo mais oportunidades de renda (metalurgia, vinícolas...) são formados na sua grande maioria por homens. Por outro lado, os empreendimentos menores, ligados à alimentação, artesanato entre outros, que infelizmente não percebe grande rotatividade financeira, são compostos por mulheres.

É preciso analisar os motivos existentes atrás dos dados constatados. É fato que após muita luta do movimento feminista, e de avanços em políticas públicas para as mulheres, abriram-se diversos campos no mercado de trabalho. No entanto, o que é mais contraditório é que essa entrada das mulheres no mundo do trabalho não significa melhores posições ou melhores salários, apesar da escolaridade feminina ser superior à masculina.

Analisando esses dados, fica mais fácil entender o porquê do fenômeno da “feminização da pobreza”, onde 70% dos pobres do mundo são mulheres. Triste realidade que parece estar longe de um fim, já que a previsão é de que a equiparação salarial entre homens e mulheres aconteça em aproximadamente 87 anos.

Marcha Mundial das Mulheres/Caxias do Sul



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Nota de Repúdio ao parecer do Conselho Nacional de Educação sobre as creches

Na última quinta-feira, 7 de julho, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um parecer que orienta que as creches de todo o Brasil devem fechar durante as férias. Nós, da Marcha Mundial das Mulheres , vimos a público repudiar este parecer, que vai na contramão das políticas públicas que contribuem para a autonomia econômica das mulheres.

A maior parte das mulheres que tem crianças em creches são aquelas que estão no mercado de trabalho em condições precárias e que sequer tem garantido o direito de férias. O fechamento coletivo das creches prejudica uma parcela importante de mulheres e crianças que não têm condições de programar férias em período escolar. As férias das crianças em creches têm que estar de acordo com as férias de pais e mães. Defendemos que seja garantido o direito de férias das trabalhadoras das creches com a contratação de professoras substitutas ou outras formas que não o fechamento para férias coletivas. Contudo, este direito não pode ser garantido em detrimento do direito das mulheres e crianças que dependem das creches, mas sim do poder publico que deve encontrar uma solução que garanta o direito das trabalhadoras e das usuárias.

A falta de creches prejudica muito o direito das mulheres ao trabalho. São elas que deixam seus empregos por não terem com quem deixar as crianças, que pagam com seus baixos salários uma escola particular ou outra mulher para cuidar dos filhos, ou ainda ficam dependendo de favores de parentes. Soluções individuais, as quais somos contra, uma vez que garantir creches públicas para todas as crianças é um dever do Estado.

O acesso às creches é um direito das mulheres que possibilita maior autonomia econômica e reconhecimento de seu direito ao trabalho. Defendemos que os cuidados com as crianças sejam compartilhados entre homens e mulheres, e também com a sociedade, a partir de políticas públicas que implementem serviços de cuidados gratuitos e de qualidade em horários integrais e contínuos.

Exigimos do Ministro da Educação, Fernando Haddad, que esse parecer não seja homologado e que a promessa da presidenta Dilma Rouseff, de construir 6.000 creches e pré-escolas no país até 2014, efetive-se!


Creche para as crianças, autonomia para as mulheres já!

Marcha Mundial das Mulheres


segunda-feira, 4 de julho de 2011

CUT, MST, CMP e Marcha das Mulheres definem pauta unificada

Escrito por: Marize Muniz

Durante 2 meses, representantes da CUT, do MST, da CMP, da Marcha das Mulheres e de outras entidades que integram a Coordenação dos Movimentos Sociais, se reuniram para elaborar uma pauta de reivindicações conjunta.

A CUT, a maior central sindical do Brasil, da América Latina e a 5ª maior do mundo, mais uma vez sai na frente, honrando a sua história de tradição, de luta, de organização e de mobilização em defesa da classe trabalhadora brasileira. Em maio deste ano, mais precisamente no dia 20, a Executiva Nacional da CUT decidiu convocar sua militância para um Dia Nacional de Mobilização. A data escolhida foi 6 de julho.

Desde maio, representantes da CUT vêm se reunindo com os companheiros do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), da CMP (Central de Movimentos Populares), da Marcha Mundial das Mulheres e de outras entidades da Coordenação dos Movimentos Sociais, que apoiaram a ideia e se incorporaram imediatamente ao processo mobilização e organização da ação, para elaborar uma pauta unificada.

A pauta que será apresentada à sociedade brasileira no dia 6 de julho, é focada. Vamos lutar em defesa da alimentação, da educação e de questões trabalhistas e sindicais.

As nossas reivindicações são:

Alimentação– defendemos a reforma agrária, o fim da concentração de terras, a PEC do Trabalho Escravo; e comida mais barata na mesa de todos os brasileiros. Vamos lutar contra os agrotóxicos e contra o modelo agrário atual – queremos a ampliação dos recursos para a agricultura familiar, que é responsável por 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros. Para nós, o agronegócio tem um financiamento desproporcional à quantidade de alimentos que produz e precisamos reverter este quadro.

Educação– defendemos a ampliação da educação no campo, o Plano Nacional de Educação; a destinação de 10% do PIB brasileiro para a educação, e qualificação profissional permanente para nossos docentes.

Trabalho e sindicalismo– vamos lutar pela redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário; por liberdade e autonomia sindical, pelo fim do Imposto Sindical e pela implantação da Contribuição Negocial, aprovada em assembléia soberana dos trabalhadores; pelo combate às práticas antissindicais e pelo fim do Fator Previdenciário. Vamos também combater à precarização e à terceirização.