segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A Frente Nacional Pela Legalização do Aborto

A Frente Nacional Pela Legalização do Aborto é formada por diversas instituições e coletivos feministas do Brasil; sua proposta é promover a conscientização a respeito da questão do aborto e lutar pela conquista do aborto legal, seguro e gratuito para todas as mulheres.

No dia 28 de Maio é o Dia Internacional da Luta Pela Saúde da Mulher, a Frente produziu um folheto informativo que tira dúvidas básicas e derruba vários mitos a respeito do aborto. Entre os temas abordados, o folheto menciona que o número de abortos realizados costuma diminuir quando o procedimento é legalizado no país, tendo como exemplo o Uruguai, Cuba e e outros. Fica evidente que a legalização do aborto é a única opção viável e realmente efetiva para a saúde pública das mulheres.
Leia o texto do material:

Aborto não deve ser crime
Neste dia de luta denunciamos a situação de saúde das mulheres que praticam aborto clandestino e que, ao chegarem aos hospitais com infecções e hemorragias, são maltratadas e denuncias por profissionais de saúde, tendo o sigilo violado.
Nenhuma mulher faz aborto porque gosta. Um aborto acontece porque, naquele momento da vida, é a única saída frente a uma gravidez indesejada. Todo mundo conhece uma pessoa que já precisou fazer aborto, seja parente, colega de trabalho, vizinha ou amiga. O aborto é uma realidade na vida das mulheres. No Brasil, o aborto é considerado crime (de acordo com nosso Código Penal, de 1940), exceto quando a gravidez é resultado de estupro, causa risco de vida à mulher ou quando o feto tem má-formação que não o deixa sobreviver depois que nasce (anencefalia). Por isto, muitos abortos são feitos e forma clandestina.
As mulheres que têm dinheiro tomam a decisão e fazem de forma tranquila, segura e sem risco a sua saúde. As mulheres pobres e negras, do campo e das periferias das cidades, fazem o aborto com métodos mais perigosos, o que pode afetar sua saúde e levá-las à morte. Muitas morrem à espera de atendimento de urgência nas longas filas dos serviços de saúde, onde são tratadas como criminosas. O Estado é negligente em ações efetivas que combatam essas mortes, que poderiam ser evitadas. A clandestinidade do aborto alimenta o mercado das clínicas que realizam de forma insegura o procedimento mediante o pagamento de valores altos.

Propostas de regulamentação do aborto no Congresso
Há uma proposta no Senado Federal conhecida como SUG 15/2014 (Sugestão legislativa) que consiste em regulamentar o atendimento no SUS da interrupção voluntária da gravidez, dentro das 12 primeiras semanas de gestação. Isto é, as mulheres terem o direito a fazer aborto neste período da gravidez, se assim decidirem ou necessitarem.
Neste 28 de Maio, esta proposta está sendo debatida no Congresso Nacional, mas há muitos/as deputados/as e senadores/as conservadores/as lutando para que as mulheres não acessem esse direito. Acreditam que as mulheres são seres inferiores e irresponsáveis e que são incapazes de tomar decisões.
As mulheres, sim, têm o direito de decidir sobre seu corpo e sua via. Por isto é importante quebrar o silêncio sobre o tema do aborto, discutir nas ruas, nas universidades, no trabalho e se organizar em grupos de mulheres para defender nossos direitos. Este Congresso machista não nos representa!
As mulheres têm o direito de decidir se querem ou não ser mães. A maternidade não deve ser uma obrigação nem um castigo. Portanto, a legalização o aborto contribui para que as mulheres tenham autonomia para tomar uma decisão cujo significado elas conhecem mais do que ninguém.
  
É importante saber:
1) A legalização aumenta o número de abortos? Não.
Nos países em que a legalização veio acompanhada de educação sexual e acesso aos serviços de saúde e aos métodos anticoncepcionais, o número e abortos diminuiu.
2) O aborto é considerado crime em todo o mundo? Não.
Em mais de um terço dos países do mundo, especialmente nos chamados países desenvolvidos, o aborto é legalizado Na América Latina, o aborto é permitido no Uruguai, Cuba, na cidade do México e na Guiana Francesa.
3) É verdade que a maioria das mulheres que fazem aborto são jovens e solteiras?
Na realidade, mulheres de todas as idades, casas e solteiras, fazem aborto. Pesquisa realizada pela UnB (2007) demonstrou que a maioria das que abortam são casadas, mães, trabalham fora, têm, em média, de 20 a 29 anos, são católicas, com alguma escolaridade e decidem pelo aborto com o parceiro.
4) Com a legalização todas as mulheres vão fazer aborto? Não.
Fazer aborto pode ser uma decisão difícil para muitas mulheres, sem contar que, mesmo realizado de forma segura, o aborto é um procedimento médico que envolve consulta ginecológica, entrevistas com psicólogos/as, assistentes sociais. Além disso, o direito ao aborto não obriga ninguém a fazê-lo, cada uma decide a partir de seus valores e sua consciência. As que decidem pelo aborto devem ser respeitadas em sua decisão, sem correr risco de saúde, morte ou prisão.
5) É verdade que, se todas as mulheres tivessem acesso a métodos contraceptivos, não precisariam da legalização do aborto?
Na realidade, a gravidez indesejada sempre existirá, porque os contraceptivos falham, seja pelo uso inadequado ou por falha do próprio método, seja porque, muitas vezes, as mulheres são obrigadas a ter relações sexuais com maridos ou namorados. Muitas vezes, os parceiros se negam a usar preservativos. Algumas religiões defendem o não uso de anticoncepcionais e preservativos, o que coloca as mulheres em risco de engravidar e de pegar doenças sexualmente transmissíveis, e esta é uma orientação que pode ser acatada, ou não, por quem professora fé e segue esses preceitos. Não deve ser imposto a todas as mulheres brasileiras, sobretudo às que não sguem religião, respeitando assim o princípio da laicidade do Estado brasileiro, que separa as decisões políticas da influências dos dogmas religiosos. E o serviço de saúde tem o dever de atender igualmente todas as mulheres com respeito, dignidade e justiça. Nenhum/a funcionário/a da rede pública de saúde tem o direito de impor seus valores e preceitos morais e religiosos durante o atendimento prestado no serviço.
6) Os grupos de mulheres que lutam pela legalização do aborto respeitam a vida? Sim!
- As mulheres são seres humanos com direito a tomar decisões sobre sua vida com autonomia;
- A criminalização não evita o aborto no Brasil. Aqui, são realizados cerca de 700 mil a um milhão de abortos por ano. Muitas mulheres vão parar no hospital com complicações para a saúde. Segundo o Ministério da Saúde, a prática do aborto inseguro é a quarta causa da morte materna;
- O movimento de mulheres entende que é inaceitável a morte de mulheres por aborto. O Estado tem que proporcionar todas as condições para que a mulher que decide pelo aborto possa fazê-lo no serviço público com segurança;
- Queremos o aborto legalizado no Brasil;
- Queremos o fim da criminalização e dos maus-tratos a mulheres em situação de abortamento nos hospitais;
- Exigimos que todos os hospitais no Brasil tenham equipes capacitadas para atender de forma humanizada as mulheres em situação de abortamento.”


sábado, 29 de agosto de 2015

Com esta Ação muita coisa vai mudar


“Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres” é o eixo que nos movimenta na 4ª ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que lançamos no 8 de março e irá até o dia 17 de outubro de 2015.

Com esta ação, queremos fortalecer a defesa dos “territórios das mulheres”, que são compostos por nossos corpos, pelo lugar onde vivemos, trabalhamos e desenvolvemos nossas lutas, nossas relações comunitárias e nossa história.

Mulheres de 96 países onde o movimento está presente sairão às ruas para denunciar as causas que oprimem e discriminam mulheres em todo o mundo. Ao mesmo tempo, um amplo processo de formação política feminista será realizado para identificar as ameaças que as mulheres sofrem em cada região do planeta, e também para construir de forma coletiva as nossas práticas e propostas para construir um mundo baseado na igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade.


No Brasil, diferente de outros momentos em que as mulheres de todo o país se reuniram em uma ação comum, a Ação de 2015 será um processo enraizado em âmbito local. Vamos realizar atividades descentralizadas, para visibilizar as lutas que nós mulheres realizamos em nossos territórios, nossas resistências e nossas práticas que constroem novos paradigmas.

Nossas lutas

Em luta por autonomia econômica! Contra a globalização do capital, afirmamos a economia feminista e solidária. Em julho, no Vale do Ribeira, mulheres de São Paulo e Paraná estarão mobilizadas por autonomia econômica e para denunciar a lógica de controle e mercantilização da natureza.  O Vale do Ribeira, região de Mata Atlântica preservada pelas comunidades tradicionais de quilombolas, indígenas e caiçaras, vem sendo atacada pela criminalização destes mesmos povos por uma legislação ambiental que não impede a ofensiva das mineradoras, a ameaça das barragens, a pulverização aérea de agrotóxicos e seu uso intensivo. Afirmaremos a economia solidária e a agroecologia, as experiências, conhecimentos e práticas das mulheres como caminho para transformar este modelo de reprodução, produção e consumo.

Pelo fim da violência contra as mulheres! A construção de autonomia é uma estratégia para enfrentar a violência contra as mulheres. Também em julho, as mulheres da Paraíba organizarão uma ação pelo fim da violência contra as mulheres. Entre tantos casos cotidianos de violência contra as mulheres, o estupro coletivo de cinco mulheres por 10 homens, seguido do assassinato de duas delas, bem como o violento assassinato de Ana Alice, uma adolescente de 16 anos, ambos na cidade de Queimadas, revelaram as tramas da violência e da impunidade naquela região. Com a ação na Paraíba, queremos fortalecer a auto-organização das mulheres no enfrentamento a violência sexista e à impunidade.

Em luta pela desmilitarização de nossas vidas! A militarização é uma expressão da violência tratada como natural pelos sistemas capitalista e patriarcal e dos meios utilizados por estes sistemas para manter seu domínio. As periferias das grandes cidades brasileiras convivem diariamente com a violência policial, que em nosso país provoca um número de mortes tão grande como o de países em situação de conflito armado.

Em 2013, ao menos 6 pessoas foram mortas por dia pela polícia no Brasil. Aqui, a cada 3 pessoas assassinadas, duas são negras. Este será o eixo da ação da MMM no Rio de Janeiro, em agosto. Com atividades de formação e de ocupação do espaço público, o objetivo é promover o intercâmbio entre mulheres do Rio de Janeiro e São Paulo que têm suas vidas marcadas pela militarização para avançar em uma perspectiva feminista nesta luta.

Margaridas seguem em marcha

Com o eixo “Margaridas seguem em marcha por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, estaremos juntas com as mulheres do campo, da floresta e das águas na 5ª edição da Marcha das Margaridas. Esta Marcha teve início em 2000, como uma adesão das trabalhadoras rurais a Marcha Mundial das Mulheres. A Marcha das Margaridas aconteceu com uma  grande mobilização nos dias 11 e 12 de agosto, para lembrar a lutadora Margarida Alves.

Contra a violência do agronegócio O enfrentamento à violência também será um dos eixos da ação em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que reunirá as companheiras do Centro-Oeste entre 5 e 7 de setembro. Naquela região que vive uma disputa de terras no campo e na cidade, assim como de desmatamentos desenfreados do cerrado e áreas de florestas, por conta do agronegócio, a violência sexista é marcada pela prostituição e o tráfico de mulheres, e por um alto índice de violência contra as mulheres indígenas.

Em luta pela legalização do aborto! A luta pela legalização do aborto estará no centro da ação que acontece em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. Cerca de mil mulheres da região sul do Brasil, Argentina e Uruguai são esperadas para a “Primavera pelo direito ao corpo e a vida das mulheres”, entre os dias 26 e 28 de setembro. O objetivo da ação é fortalecer a luta pelo fim da hipocrisia que hoje mata, principalmente, mulheres pobres e negras pela clandestinidade do aborto. Com intercâmbio entre as mulheres dos diferentes países, a ação será um momento de formação, articulação e visibilidade desta luta.

Nossas resistências e alternativas feministas: Corpos e territórios livres! A ação internacional se encerra no dia 17 de outubro, em uma ação organizada pelas mulheres do Ceará e do Rio Grande do Norte. Tendo o corpo e o território como eixos, a ação irá fortalecer e visibilizar nossas resistências e alternativas. A proposta é que ação tenha início no Cariri, região no Ceará marcada pela violência contra as mulheres e que se encerre em Mossoró, no Rio Grande do Norte. A previsão é que cerca de mil mulheres participem de atividades de formação e mobilização que afirme nossas alternativas e práticas de ocupação livre e soberana dos territórios rurais e urbanos, seja pela agroecologia, seja pela cultura feminista.


O QUE É LESBOFOBIA?
A lesbofobia pode ocorrer de várias formas: Por meio de ameaça, agressão física, agressão verbal, formas diversas de ofensas como gestos, risadas e insinuações, bem como qualquer ação que seja violenta, que cause constrangimento, intimidatória ou vexatória de ordem moral, filosófica ou psicológica. Tal agressão pode ser feita por pessoas desconhecidas ou conhecidas, até mesmo por um parente ou membro da família.
Ou seja, a lesbofobia é qualquer manifestação discriminatória ou vexatória por causa da orientação sexual de uma garota ou de duas garotas que estão juntas, como nos exemplos abaixo:
– Qualquer impedimento ou manifestação negativa em relação à afetividade entre meninas (que sejam permitidas no mesmo ambiente por heterossexuais)
– Qualquer impedimento ou aumento de valor para a hospedagem,compra ou locação de locais por causa da orientação sexual ou gênero;
– Qualquer xingamento, gestos ou comentários que condenem ou critiquem a orientação sexual ou de gênero;
– Proibição de entrada ou permanência em estabelecimentos em razão da orientação sexual ou de gênero;
– Ter atendimento diferente dos outros sem que isso seja determinado em alguma lei;
– Demissão ou não admissão, ou acesso profissional negado, em razão da orientação sexual ou de gênero.

AÇÕES INTERNACIONAIS

Mulheres em marcha
A inspiração para a criação da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) partiu de uma manifestação realizada em 1995, em Quebec, no Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. No final desta ação, diversas conquistas foram alcançadas, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.
As mulheres do Quebec buscaram contatos com organizações em vários países, para compartilhar essa experiência e apresentar a proposta de criar uma campanha global de mulheres. O primeiro contato no Brasil foi com as mulheres da Central Única das Trabalhadoras e Trabalhadores (CUT). Foram elas que marcaram as reuniões para discutir a proposta e definir as representantes brasileiras para o primeiro encontro internacional da MMM, que aconteceu em 1998, em Quebec, e teve a participação de 145 mulheres de 65 países e territórios. Nesse encontro foi elaborada uma plataforma com 17 reivindicações para a eliminação da pobreza e da violência contra as mulheres. E ali foi convocada a Marcha Mundial das Mulheres como uma grande campanha a ser desenvolvida ao longo do ano 2000.

“Com essa marcha muita coisa vai mudar”: um movimento permanente
Aqueles eram tempos de pensamento único, o neoliberalismo era fortemente hegemônico e parecia não haver alternativa. As mulheres propuseram ir além do possível e ousaram seguir atuando juntas para construir a MMM como um movimento permanente, uma consequência das novas forças e sinergias mobilizadas em cada local.
Desde então, a MMM desenvolveu um método para a definição de consensos e uma forma de atuação que implica a construção permanente da relação entre o local, o nacional e o internacional. A preparação das ações internacionais, a cada cinco anos, marca processos de sínteses políticas da plataforma da Marcha.

1ª Ação Internacional, 2000
2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista!
A convocatória para a campanha realizada no ano 2000 teve um largo alcance e deu origem à construção da MMM como um movimento internacional. A ação mobilizou milhares de grupos de mulheres em mais de 150 países e territórios, em atividades de educação popular e manifestações públicas de apoio às 17 reivindicações mundiais.
No Brasil, entre 8 de março e 17 de outubro, daquele ano, foram realizadas atividades em todos os estados. O grande momento nacional desta ação foi a realização da Marcha das Margaridas, proposta pelas mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). O nome desta Marcha, uma referência a Margarida Alves, tornou visível a trajetória de lutas das mulheres rurais que, desde os anos 1980, atuam de forma organizada no Brasil.
As mobilizações culminaram em 17 de outubro, dia de luta pela erradicação da pobreza, com marchas simultâneas em 40 países, e atos em frente à sede do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, em Washington, nos Estados Unidos. As mulheres denunciaram os efeitos devastadores do neoliberalismo em seus países e em suas vidas. Em um ato simbólico em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, foram apresentadas mais de 5 milhões de assinaturas recolhidas em apoio às demandas da Marcha. Logo após esse ato público, as delegadas de diferentes países se reuniram no 2º Encontro Internacional da MMM e ali decidiram que era necessário continuar o movimento.

2ª Ação Internacional, 2005
Mulheres em movimento mudam o mundo!
Para a ação de 2005, elaboramos a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade após um amplo debate e construção coletiva de uma posição comum entre mulheres, com diferentes experiências e culturas políticas. A Carta apresenta o mundo que queremos construir, baseado em cinco valores: liberdade, igualdade, solidariedade, justiça e paz.
No dia 8 de março de 2005, durante uma passeata com a participação de 30 mil mulheres de todo o Brasil, em São Paulo, a Carta iniciou sua viagem ao redor do mundo. Até 17 de outubro, ela passou por 53 países e territórios.
Nestes países, as Coordenações Nacionais da Marcha expressaram as suas lutas e propostas em um retalho de tecido. Estes retalhos foram sendo costurados em uma Colcha da Solidariedade, que foi concluída na última parada em Ouagadougou, Burkina Faso, um dos países mais pobres do mundo.
Enquanto isso, ações foram realizadas em 17 de outubro, ao meio-dia, em cada meridiano, em uma vigília de 24 horas de Solidariedade Feminista. A “onda” começou nas ilhas do Pacífico (Nova Caledônia, Samoa e outras), foi para a Ásia, Oriente Médio, África e Europa simultaneamente, terminando nas Américas.

3ª ação internacional, 2010
Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres!
A Terceira Ação Internacional foi realizada em 2010. No Brasil, 3 mil mulheres marcharam entre as cidades de Campinas e São Paulo. Os quatro campos de ação: Trabalho e autonomia econômica das mulheres; violência; bens comuns e serviços públicos; e paz e desmilitarização – concretizaram a plataforma da MMM. Esta ação teve três focos: expressar demandas nacionais por meio de marchas e/ou caravanas; marcar o 100º aniversário do Dia Internacional de Luta das Mulheres, por meio da recuperação da história de mulheres lutadoras; amplificar a voz das mulheres que sofrem violência em situações de conflito armado, e apoiá-las em seus esforços para expor as causas dos conflitos e encontrar soluções para superá-las. Mais de 100 mil mulheres de 75 países participaram em ações nacionais, regionais e internacionais.
A grande contribuição desta ação foi convidar as mulheres de todos os países a refletir sobre a militarização da vida cotidiana e sua relação com o modelo capitalista e patriarcal, bem como a visibilizar os interesses que existem por trás dos conflitos. O eixo paz e desmilitarização marcou as ações regionais na Turquia, especialmente pela contribuição das mulheres dos Bálcãs e das curdas, nas Filipinas e na Colômbia, onde ocorreram mobilizações diante das bases militares dos Estados Unidos.
O ato de encerramento da ação em Bukavu, na República Democrática do Congo, foi uma experiência única da diplomacia popular e da solidariedade internacional. Dez anos após a entrega das 17 demandas internacionais à ONU, a MMM questionou esta instituição no terreno em que atua, afirmando que os direitos das mulheres inscritos em convenções, tratados e resoluções da ONU só fazem sentido quando são reais para todas as mulheres do mundo.

4ª Ação Internacional, 2015
Enraizar a MMM e fortalecer as regiões são alguns dos objetivos da próxima ação internacional, que está em construção. A proposta é fortalecer a defesa dos “territórios das mulheres”, que são compostos por seu corpo, pelo lugar onde vivem, trabalham e desenvolvem suas lutas, suas relações comunitárias, sua história.
Durante a ação será construído um mapa das resistências das mulheres, e outro com as alternativas feministas. A ação será realizada entre os dias 8 de março e o 17 de outubro de 2015. No dia 24 de abril, sairemos às ruas nas 24 horas de solidariedade feminista, entre 12h e 13h.
No Brasil, diferente de outros momentos em que as mulheres de todos os estados se reuniram em uma ação comum, a ação de 2015 será um processo enraizado em nível local. Está em construção a proposta de realizar ações descentralizadas, para visibilizar as lutas que nós mulheres realizamos em nossos territórios, nossas resistências e seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Agenda da Ação Internacional no Brasil

Em marcha até que todas sejamos livres! – no 8 de março todos os núcleos, estados e municípios as militantes da MMM organizaram ações de rua, atividades de formação, oficinas e debates. Alguns núcleos já realizaram o lançamento da 4ª Ação Internacional da MMM. Outros, organizarão até junho.

Seguiremos em marcha: afirmando nossa auto-organização como nossa estratégia para mudar o mundo e a vida das mulheres em um só movimento, as mulheres do norte do Brasil se encontraram em Palmas, no Tocantins. Auto-organização, formação e mobilização irão expressar nossa visão feminista, anticapitalista e anti-racista na primeira ação regionalizada no nosso país, ocorreu entre 15 e 17 de abril.

Em defesa da água e da agroecologia, as mulheres enfrentam a mineração: Logo em seguida, entre 18 e 20 de abril, as mulheres do norte de Minas Gerais irão receber, em Varzelândia, companheiras dos estados do Sudeste e da Bahia para uma ação que tem a defesa da água como eixo. As mulheres enfrentam atualmente a ganância de empresas mineradoras que buscam ampliar a exploração de ferro e ouro em seus territórios. A ação vai acontecer em Varzelândia, junto com a 5ª Marcha das Mulheres na região, organizada pelo coletivo de mulheres do Norte de Minas.


24 horas de solidariedade feminista: No dia 24 de abril, realizamos as 24 horas de solidariedade feminista. Essa é uma forma de ação da MMM em que atuamos para que o mundo fique mobilizado pelas mulheres durante 24 horas. Para isso, em cada país onde estamos organizadas, acompanhando o ciclo do sol ao redor da terra, as mulheres saem às ruas das 12 às 13 horas, para manifestar sua solidariedade criando assim uma onda feminista.

Na quarta ação este dia será para relembrar a morte de centenas de mulheres fruto do desabamento do prédio Rana Plaza situado em Dhaka, capital de Bangladesh, em 24 de abril de 2013. O edifício abrigava oficinas de costura de lojas famosas no mundo, como a Benetton, e a tragédia expressou a realidade de milhares de mulheres exploradas pela indústria da moda e beleza que escondem o horror do trabalho sem qualquer direito ou proteção.

Nas 24 horas de solidariedade feminista denunciamos o poder e a impunidade das empresas transnacionais. Denunciamos que a divisão sexual e internacional do trabalho se combinam para controlar e explorar a nossa força de trabalho. E que as imposições sobre o nosso corpo, acentuadas pela mercantilização, formam parte desse controle que propicia lucros para grandes empresas transnacionais da indústria da confecção ou de cosméticos.


Em Porto Alegre fizemos um ato em frente as Lojas Renner denunciando a apropriação de trabalho análogo ao escravidão, realizado na produção de suas roupas. Muitas roupas da Renner vêm de Bangladesh.

29/08: Dia Nacional da Visibilidade Lésbica



Hoje, dia 29 de Agosto, é o dia Nacional da Visibilidade Lésbica, dia que marca a resistência das mulheres lésbicas no Brasil em busca de reconhecimento e igualdade. A data é referente ao dia do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE) que aconteceu em 1996 na cidade do Rio de Janeiro.

A luta por visibilidade não é apenas por um reconhecimento formal por parte do Estado, mas pelo direito de mulheres exercerem sua sexualidade livremente sem serem violentadas e oprimidas por isso. Enquanto por um lado avançamos em direitos, como a União Civil e precedentes para adoção, por outro lésbicas são expostas à violência (física e simbólica), estupros corretivos e ao fetichismo de sua sexualidade.

Na luta por igualdade, acreditamos a Educação ser uma ferramenta fundamental neste processo, pois dentro de escolas e universidades temos a possibilidade de desconstruir a heteronormatividade e o preconceito que afeta diretamente a vida de todas as mulheres lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e ainda dita e impõem como e com quem devem se   relacionar. Precisamos consolidar as transformações previstas no Plano Nacional de Educação e garantir as discussões sobre gênero e sexualidade nas instituições de ensino, pois só assim conseguiremos barrar os setores conservadores e LGBTfóbicos da sociedade que tentam derrubar a todo custo este plano nos municípios e nos estados da federação.
A UEE-Livre esta ao lado das companheiras lésbicas, feministas, na luta por um mundo livre do machismo, do patriarcado e da lesbofobia, onde as pessoas possam estabelecer suas relações sexuais e afetivas sem dogmas ou preconceitos.

Por Marina Lehmann – Diretora de Mulheres da UEE Livre e Bruno Mendes – Diretor LGBT da UEE Livre.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A INVISIBILIDADE LÉSBICA TEM 364 DIAS POR ANO

A INVISIBILIDADE LÉSBICA TEM 364 DIAS POR ANO

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é comemorado no dia 29, simbolizando a importância da luta das mulheres lésbicas, que sofrem com o machismo e com o preconceito em relação a sua sexualidade
Reprodução do site: http://bit.ly/1KgIfGJ
Reprodução do site:http://bit.ly/1KgIfGJ
Por Marcela Reis 
Neste sábado, 29 de agosto, o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica completa 19 anos. Mulheres lésbicas se auto-organizam durante toda semana que antecede a data para denunciar seu apagamento dentro da sociedade. Passados todos esses anos de luta, essas mulheres ainda precisam afirmar sua sexualidade, seus direitos, seus corpos e suas vozes todos os outros dias do ano.
“Esse dia é importante para nos lembrar que existimos, mostrar para a sociedade que fazemos parte dela e conscientizar outras mulheres da força que é ser lésbica e da resistência e afronta que isso significa”, conta Renata Alves, lésbica, gorda, periférica e militante feminista.
“Somos invisíveis diariamente e excluídas de todos os espaços. Somos alvo de violência e de machismo, nossa sexualidade é sempre questionada e a opressão que sofremos é naturalizada. Por isso é um dia importante”, afirma Rute Alonso, lésbica que integra a ONG União de mulheres de São Paulo.
A luta dessas mulheres por seus direitos específicos ganha um marco no dia 19 de agosto de 1996, quando aconteceu o primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), no Rio de Janeiro, marcando esse dia de luta contra a invisibilidade. Os sete dias que antecedem 29 de agosto são conhecidos como Semana da Visibilidade Lésbica. Em algumas cidades, acontecem oficinas e programas de saúde voltados para esse grupo de mulheres. “É essencial que as prefeituras organizem programações para lésbicas e que sejam debatidos temas relevantes, como saúde e inclusão no mercado de trabalho”, aponta Brenna Costa, lésbica, negra e gorda, que criou a página do Facebook Feminiciantes.
Opressões combinadas
De acordo com a pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB) há em média um homicídio da população LGBT a cada 28 horas. Entre 1980 e 2010, foram assassinadas no país mais de 92 mil mulheres – o dado é do Mapa da Violência 2012, produzido pela FLACSO. E os dados específicos sobre violência contra as lésbicas no país? Não existem ou são rasos – o que reafirma a necessidade da invisibilidade das lésbicas ser pautada. Mas mesmo sem os índices, se olharmos em conjunto para as duas pesquisas citadas, podemos ver que o machismo e o preconceito contra a população LGBT são significativos, logo, as duas opressões combinadas têm um nome: lesbofobia.
“O machismo é o pai de toda a violência contra a humanidade, então a lesbofobia está diretamente ligada a essa opressão. Por isso que é importante nos mobilizarmos no dia 29: é uma maneira de mantermos nossas vozes vivas, lutar contra a invisibilidade e exigir direitos”, afirma Luana Hansen, lésbica, negra e periférica, que leva sua música de resistência para outras mulheres.
“A palavra ‘lésbica’ deve parar de ser vista como agressão. Usar o termo ‘lesbofobia’ é para tentar tornar visíveis as mulheres que vivem à margem da sociedade o tempo todo e que não são representadas”, explica Roseane Arévalo, lésbica, indígena e membro da Marcha Mundial de Mulheres.
Para Andressa Oliveira, que é lésbica, gorda, mãe e membro do coletivo da Revista Geni, “o dia 29 de agosto é fundamental para prevenir violência, exposição e assassinatos cometidos contra lésbicas”. E completa dizendo que pautar a lesbofobia é denunciar o apagamento e a marginalização dessas mulheres.
Invisíveis também no movimento
O movimento LGBT brasileiro nasceu no final dos anos 1970, predominantemente formado por homens homossexuais. A primeira sigla usada foi GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), que era a expressão utilizada para denominar o que era destinado a esse grupo restrito dentro do mercado. A sigla evoluiu para GLBT e, após o Congresso Nacional de Lésbicas, Bissexuais, Gays e Transexuais de 2003, mudou para LGBT, devido às reivindicações feministas.
O nome mudou, mas a realidade não: o maior evento organizado pelo chamado movimento LGBT é conhecido como ‘Parada Gay’, nome que só visibiliza homens homossexuais. “Esse movimento não representa as lésbicas. Não tem espaço para nós, não há problematizações e pautas que nos contemplem enquanto mulheres” acredita Andressa.
Para Mara Minassian, lésbica e negra, que é também integrante da Marcha Mundial de Mulheres, a lesbofobia não está somente ligada ao machismo, mas também ao racismo – e que essas são as principais formas de opressão contra mulheres. Completa que “se assumir como lésbica é um ato político que ataca diretamente as estruturas heteronormativas”.
“Não somos lembradas pela sociedade, a lesbofobia ainda não é considerada crime e estamos lutando diariamente para garantir nossos direitos”, aponta Luana. Renata complementa: “somos totalmente apagadas em todos os espaços e por todos. As lésbicas estão sozinhas, somos apenas nós por nós mesmas e temos que ficar unidas”.
“Não posso andar na rua com a minha namorada sem sofrer machismo e o preconceito por sermos um casal lésbico. Não tem como separá-las, nós, lésbicas, sofremos as duas opressões”, aponta Roseana.
Políticas Públicas
Há cinco meses, o prefeito Fernando Haddad e a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, inauguraram o Centro de Cidadania LGBT no Centro de São Paulo. Cerca de vinte psicólogos/as, advogados/as e assistentes sociais dão apoio jurídico e psicológico gratuitamente para vítimas de preconceito.
Rute trabalha no Centro de Cidadania LGBT e diz que raramente as lésbicas procuram ajuda nos equipamentos do Estado: “a invisibilidade e o machismo que sofrem é tão grande, que não se sentem sujeitos de direito, a opressão está naturalizada”.
Além disso, na cidade de São Paulo não existe um órgão do Estado que faça o recorte de sexualidade e gênero e cuide só das mulheres lésbicas. “Os atendimentos voltados para saúde na mulher são precários no serviço público, então imagine para lésbicas: muitas não consultam ginecologistas por medo de constrangimento”, conta Brenna.
Nos anos 80, com o avanço da Aids, começaram campanhas intensas pelo sexo seguro e pelo uso da camisinha masculina. As lésbicas são invisíveis até no combate às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs): existe a camisinha feminina, que não é distribuída em postos de saúde e nem vendida em todas as farmácias. Além disso, esse método de proteção é útil para algumas prevenções no sexo lésbico, mas não para todas – que mostra a invisibilidade também na pesquisa médica.
Mara relata que “geralmente, no atendimento ginecológico, quando falamos que não nos relacionamos com homens, a consulta acaba. A maioria dos/as médicos/as só faz o trabalho contraceptivo, e como não temos relação com homens, parece que não fazemos sexo e que não estamos sujeitas a ter DSTs ou outras doenças ginecológicas”.

domingo, 16 de agosto de 2015

Plenária Estadual da Marcha Mundial das Mulheres


Atenção Marchantes do Rio Grande do Sul,

Estamos na reta final da nossa organização e mobilização para a nossa maior ação de 2015. Para isto estamos propondo que todos os núcleos da MMM RS organizem oficinas, roda de conversas ou debates com os temas da Ação. Não esqueçam que precisamos que todas façam sua pré-inscrição, que busquem financiamento local para deslocamento e alimentação durante os dias da ação (26, 27 e 28 de setembro).


Solicitamos ainda que nos informe através do 
como está a organização local, deslocamento e possibilidade de atividade preparatória, pois estamos construindo um informativo estadual com as informações de todos os municípios.
Por fim, envie também fotos de suas atividades, indicando a data e o que aconteceu.

No dia 22 de agosto faremos nossa Plenária Estadual de Organização e Mobilização para a 4ªAção Internacional em Santa do Livramento.

Será a partir das 09h no CPERS Sindicato - Auditório, 9º andar
em Porto Alegre (Av. Alberto Bins, 480 - Centro, Porto Alegre).

Precisamos de todas para juntas construirmos uma linda Ação Internacional Feminista com as companheiras do Uruguai e Argentina!


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Conferência de Políticas para as Mulheres de Porto Alegre


Nos dias 14 e 15/08 acontece em Porto Alegre, na Câmara Municipal (Av. Loureiro da Silva, 255 - Centro Histórico), a 6ª Conferência Municipal das Políticas Públicas para as Mulheres. Com a temática “Mais direitos, participação e poder para as mulheres”, a conferência visa traçar estratégias para que as políticas públicas de igualdade para as mulheres sejam efetivas em Porto Alegre.
Com uma pauta focada em quatro eixos centrais de debates temáticos que abordam a contribuição dos conselhos e dos movimentos das mulheres e feministas; os avanços e desafios das estruturas institucionais no âmbito municipal, o sistema político com participação das mulheres visando poder e igualdade e, por último, a proposição do sistema nacional de políticas para as mulheres (fundo financeiro).
O credenciamento das (os) participantes ocorrerá no dia 15, sábado, das 8h30min às 11 horas. A coordenação alerta que as(os) inscritas (os) terão acesso direto à 5ª Conferência Estadual, desde que tenham 75% de presença e possuam certificação. A coordenação do evento é da Secretaria Adjunta da Mulher, vinculada à Secretaria Municipal dos Direitos Humanos, Fórum Municipal dos Direitos da Mulher e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.
Inicia hoje à noite com a ministra às 18h30m, na abertura estarão o Prefeito e a Ministra Adjunta da SPM/PR
Vem conosco construir uma cidade mais feminista!


Click aqui para baixar todos os materiais das Conferências:


Veja os demais municípios e suas datas:


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Marcha das Margaridas 2015

"É melhor morrer na luta que morrer de fome" foi o que disse Margarida Alves, que inspira a#MarchaDasMargaridas2015. Conheça a história desta mulher paraibana que foi assassinada na porta de casa, em 1983, por um matador de aluguel:http://migre.me/r9pmZ